
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com o poder público e empreiteiras que deve ser criada hoje contará com pelo menos três representantes do Paraná. O senador Alvaro Dias (PSDB) e os deputados federais Rubens Bueno (PPS) e Fernando Francischini (PSDB) serão indicados oficialmente hoje para compor a comissão. Essa lista pode crescer, já que nem todos os nomes foram indicados até o momento. A CPMI deve ter início com a leitura do requerimento, às 10h30.
O pedido de criação da comissão foi protocolado na Mesa do Congresso na noite de terça-feira, com as assinaturas de 67 senadores e 340 deputados. O mínimo necessário era 27 e 171, respectivamente.
A partir da instalação, os partidos têm até a próxima terça-feira para apresentar seus indicados para a composição. Ao todo, serão 15 senadores e 15 deputados federais na CPMI. Cada um tem direito a um suplente. Dessas 30 vagas, apenas seis serão da oposição. O tucano Alvaro Dias afirma que tem conversado com lideranças do PT e do PMDB para tentar garantir uma divisão no comando da comissão um dos lados ficaria com a presidência, o outro com a relatoria, o que o senador considera uma forma de dar mais credibilidade ao processo. Entretanto, ele reconhece que as chances disso acontecer são remotas.
Segundo as investigações da Polícia Federal, o esquema de Cachoeira envolvia políticos ligados ao governo, como o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e à oposição, como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Além disso há empresas que prestam serviços para ambos os lados, como a Delta, que recebeu R$ 4 bilhões do governo federal desde 2007. Logo, ambos os lados têm seus interesses e receios em relação às investigações.
Para Bueno, a oposição deve exigir que todos os fatos sejam apurados, mesmo aqueles que envolvem a oposição. "Na CPI, não há bancada de oposição e de situação. O Parlamento tem o dever de investigar todas as denúncias", afirma. O deputado diz temer que o governo dificulte as investigações.
Além dos três paranaenses da oposição, alguns outros nomes já foram anunciados por seus partidos. No Senado, veteranos como Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) estão entre os indicados. Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSol-AP), que compunham com Demóstenes o grupo apelidado de "os três mosqueteiros", pela postura crítica ao governo federal, também devem ser indicados respectivamente, em vagas cedidas pelo PT e pela oposição. Do Senado deve sair o provável presidente da CPMI: Vital do Rêgo (PMDB-PB).
Na Câmara, a oposição vai contar também com Carlos Sampaio (PSDB-SP). No lado governista, alguns nomes são especulados: o ex-líder do governo na Casa, Cândido Vacarezza (PT-SP) e Luiz Sérgio (PT-RJ) estão entre os cotados.
Mensalão
Na semana passada, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, mencionou que a CPI poderia ajudar a "desbaratar a farsa do mensalão". Alvaro diz acreditar no contrário: que a CPI sirva de estímulo para o Supremo Tribunal Federal (STF) prosseguir com o julgamento do caso. "Farsa é afirmar que o mensalão não existiu", afirma.




