Brasília - A vitória nas eleições para as presidências do Senado e da Câmara dos Deputados ampliou o poder do PMDB na formação das alianças para a sucessão presidencial em 2010. Grande vencedor das disputas municipais do ano passado, o partido está cada vez mais dividido entre manter a parceria nacional com o PT, apoiar o PSDB ou tentar uma candidatura própria à Presidência da República.
"O PMDB já era a noiva mais cobiçada antes de chegar à hegemonia do Congresso Nacional. Agora a noiva ficou ainda mais bonita", diz o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília. Segundo ele, os petistas continuam com a preferência porque mantiveram o acordo para eleger o deputado federal Michel Temer, apesar da candidatura do peemedebista José Sarney contra Tião Viana (PT-AC) no Senado. "O acordo estabelecido em 2007 entre os dois partidos foi honrado pelo PT e jogou para o PMDB uma conta a ser paga no futuro."
O resultado das eleições no Congresso reacendeu em Brasília o movimento para que um peemedebista seja vice na chapa encabeçada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). O ex-ministro José Dirceu escreveu em seu blog que a vitória de segunda-feira "dá condições (ao PMDB) de indicar o candidato a vice-presidente da República".
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, é o mais lembrado para a vaga e conta com a simpatia do presidente Lula. Os dois estiveram juntos ontem e trocaram elogios durante cerimônia de entrega de casas populares no Morro Dona Marta, na capital fluminense.
Apesar disso, o novo presidente do Senado, José Sarney, declarou ontem que não pretende participar de qualquer negociação eleitoral. Segundo ele, a questão deve ficar por conta das "lideranças partidárias". Temer, que é presidente nacional da legenda, adotou uma postura similar. Disse que se afastará do posto até 2011, quando encerra o período na direção da Câmara.
O PMDB é atualmente o principal partido da base de apoio do governo no Congresso, com 20 senadores e 94 deputados. Além disso, tem seis ministros. Entre eles está o paranaense Reinhold Stephanes (Agricultura), que defende a manutenção da aliança com o PT. "Estamos totalmente integrados e somos tratados iguais a todos os demais pelo presidente Lula."
Vice-líder do PT na Câmara, o paranaense André Vargas não vê motivos para descontentamentos do PMDB. "Temos feito o necessário para manter um partido da grandeza do PMDB na nossa coalizão."



