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Dois meses antes de o termo mensalão ser cunhado pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu a sua maior perda de apoio na Câmara dos Deputados. As dificuldades do governo em votações como a reforma da Previdência, em março de 2005, eram um sinal de que já havia uma crise na base governista, que precedeu a crise política explicitada a partir da denúncia de Jefferson.

No bimestre março/abril de 2005, a taxa de governismo na Câmara caiu 11 pontos porcentuais em relação ao período anterior, de 76% para 65%. Daquela época até hoje, segundo revela o Basômetro nunca houve uma redução tão brusca no nível de apoio ao Executivo federal.

A ferramenta Basômetro , do jornal O Estado de S. Paulo, lançado em maio com dados do governo Dilma Rousseff, incorpora hoje ao seu acervo informações sobre 825 votações e cerca de 420 mil votos na Câmara nos dois mandatos de Lula. Com isso, o Estadão Dados abre aos leitores a mais avançada ferramenta para análise da atuação de parlamentares e partidos antes, durante e depois do escândalo do mensalão.

Nos primeiros seis meses após a posse de Lula, em 2003, a taxa média de governismo na Câmara foi de 79%. O índice oscilou até sofrer a queda brusca às vésperas da denúncia do mensalão, feita em junho de 2005.

Em março e abril daquele ano, o governo viu sua base de apoio na Câmara se dividir em relação a questões polêmicas como a Lei de Biossegurança - sobre plantio de transgênicos e uso de células-tronco em pesquisas - e a reforma da Previdência, que impôs restrições para a aposentadoria de servidores públicos.

Até o PT votou contra o governo em alguns aspectos da reforma. Líderes de partidos como PP, PL, PTB e PSB não seguiram as recomendações do Planalto ao orientar suas bancadas.

No bimestre que antecedeu o do escândalo, houve oito votações nominais com pelo menos 50 votos contrários ao governo de integrantes de partidos da base. Em três dessas ocasiões, o Palácio do Planalto foi derrotado.

Após a denúncia do mensalão, a taxa de fidelidade dos principais partidos da base aumentou. PDT, PV e PPS foram as exceções: se afastaram do Planalto e passaram a votar contra sua orientação. Aos poucos, porém, os dois primeiros voltaram para a órbita governista, enquanto o PPS se alinhou de vez aos oposicionistas PSDB e DEM.

Entre 2003 e 2006, houve oscilações marcantes na taxa de governismo da Câmara - foi a época da votação dos temas mais polêmicos. Já no período 2007-2010, a taxa quase não variou.

Uma característica comum aos dois períodos é o aumento do governismo no final dos mandatos - a taxa de apoio sobe até mesmo entre os partidos de oposição. O fato pode estar relacionado às características dos projetos: em anos eleitorais, são raros os temas polêmicos que passam pelo plenário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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