
A Operação Caixa de Pandora, que levou à prisão o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), está respingando em todas as grandes legendas. No sábado, a Polícia Federal apreendeu recibos de doações ao DEM no anexo da residência oficial do governador, que era usado por Domingos Lamoglia, ex-chefe de gabinete de Arruda e suspeito de arrecadar propina. O PT também teme ser prejudicado, por causa de visitas do ex-ministro dos Esportes Agnelo Queiroz a Durval Barbosa, pivô do escândalo no Distrito Federal. O partido rachou e uma ala defende agora a candidatura do deputado federal Geraldo Magela ao Palácio do Buriti. Pelo lado dos tucanos, a preocupação é com um palanque para as eleições deste ano. Há a possibilidade de apoiar Joaquim Roriz (PSC) ao governo distrital, mas as ligações dele com Barbosa também geram preocupações.
As doações, cujos recibos foram encontrados pela PF, foram feitas por empresas com interesses em negócios no Distrito Federal. Conforme a polícia, os comprovantes de doação foram apreendidos junto com uma lista de pagamentos a empresas, incluindo as que, segundo a investigação, pagavam propina ao esquema do mensalão. Na análise do material apreendido, a PF diz que "chamam a atenção os valores" pagos a empresas suspeitas de financiarem o esquema e já citadas em depoimento por Durval Barbosa,que delatou o mensalão. As empresas doadoras ao DEM não constam da lista.
Quem assinou os recibos foi o tesoureiro da Executiva Nacional do partido, Saulo Queiroz. Ele disse que as doações são legais e foram registradas e que os recibos foram encaminhados às empresas.
Novos rumos
O governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), disse ontem que pediu um estudo sobre as empresas investigadas na operação Caixa de Pandora que têm contrato com o governo. Segundo ele, não seria "conveniente" seguir com algum projeto com empresas que não passaram por licitação.
Octávio, no entanto, pode ter dificuldades em ver concretizando seus planos de governo. Ele é alvo de quatro pedidos de impeachment um deles assinado pela OAB do Distrito Federal. "Não há sentido do pedido de impeachment, já que estou no primeiro dia de governo e não assinei nenhum ato. Ao que me consta, o afastamento seria por atos irregulares cometidos durante a gestão", disse, na sexta-feira.
Os pedidos de impeachment contra Arruda que, por enquanto, está apenas afastado do cargo , serão analisados na próxima quinta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Legislativa do Distrito Federal.



