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crise política

Cunha recorre para colocar em sigilo investigação sobre contas na Suíça

No fim de outubro, Teori negou pedido de sigilo para este inquérito que apura se Cunha, sua mulher, a jornalista Claudia Cruz, e uma de suas filhas movimentaram recursos no exterior desviados da Petrobras e teriam cometido corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. | LUIS MACEDO/
No fim de outubro, Teori negou pedido de sigilo para este inquérito que apura se Cunha, sua mulher, a jornalista Claudia Cruz, e uma de suas filhas movimentaram recursos no exterior desviados da Petrobras e teriam cometido corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. (Foto: LUIS MACEDO/)

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recorreu nesta terça-feira (3) ao STF (Supremo Tribunal Federal) para colocar em sigilo o inquérito que investiga se contas secretas no exterior atribuídas a ele e familiares foram abastecidas com propina de contratos da Petrobras.

A defesa do deputado pede que o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato, reformule sua decisão que negou colocar a investigação sob segredo de justiça ou leve o caso para o plenário do tribunal avaliar.

Os advogados alegam que há dados bancários e fiscais que são protegidos por lei e não deveriam ser expostos. Eles argumentam ainda que o dossiê enviado pelo Ministério Público da Suíça com os dados ligados ao deputado estava em caráter sigiloso e chegou a ser tratado desta forma pela PGR (Procuradoria-Geral da República), antes do pedido de abertura de inquérito feito ao STF.

Sem grandes considerações, o recurso ainda classifica de “inverídicos” os termos utilizados pela Procuradoria em um relatório que diz “identificação de contas bancárias mantidas por Eduardo Cunha e sua esposa na Suíça. Confirmação dos pagamentos feitos no exterior por João Augusto Rezende Henriques em favor de Eduardo Cunha”.

“Embora inverídicos os termos utilizados na ementa de referido documento, é certo que o seu conteúdo se refere a dados bancários que, como sabido, ostentam grau de sigilo garantido constitucionalmente”, diz o documento.

“Nos autos foram juntados diversos documentos que dizem respeito a dados bancários e fiscais, seja de terceiros seja do requerente, os quais são protegidos pela cláusula constitucional do direito à intimidade, nos termos da pacífica jurisprudência [entendimento] do Supremo”, disse.

No fim de outubro, Teori negou pedido de sigilo para este inquérito que apura se Cunha, sua mulher, a jornalista Claudia Cruz, e uma de suas filhas movimentaram recursos no exterior desviados da Petrobras e teriam cometido corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Os documentos repassados pelas autoridades suíças embasaram a abertura de um inquérito pelo STF para investigar a suposta ligação de Cunha com os desvios na estatal. Já havia um inquérito anterior, fruto da Operação Lava Jato.

O material aponta que dinheiro de propina paga para viabilizar um negócio com a Petrobras na África em 2011 alimentou contas secretas. As contas foram abertas em nome de offshores, mas constam cópias de documentos do deputado, como o passaporte diplomático, e assinatura do peemedebista, inclusive, para autorização de investimentos de risco, além de endereço de sua casa no Rio e telefones do Congresso.

O STF já autorizou o bloqueio e sequestro de R$ 9,6 milhões que estavam nas contas.

SIGILO

O outro inquérito, aberto em março, que investiga a ligação do presidente da Câmara com o esquema de corrupção da Petrobras passou a tramitar em segredo de justiça no mês passado.

Teori tirou a publicidade do inquérito que apura se o presidente da Câmara recebeu US$ 5 milhões em propina desviados de contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras. O deputado já foi denunciado ao STF neste caso pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Teori esclareceu que a decisão foi tomada porque o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou uma complementação da denúncia, com trechos da delação premiada do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como operador do PMDB nos desvios da estatal.

Aos investigadores, Baiano afirmou que o presidente da Câmara dos Deputados recebeu cerca de R$ 5 milhões em espécie, em seu escritório no Rio, além de crédito de R$ 300 mil em horas de voo em jato particular. Ele confirmou que o dinheiro era fruto de desvio de verbas de contratos para a fabricação de navios-sonda para a Petrobras.

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