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Cunha rompe com governo e cria CPI, mas é isolado pelo PMDB e oposição

Presidente da Câmara responsabiliza o governo por ser investigado pela Lava Jato e sai atirando. Mas perde o respaldo do PMDB

 | Antônio Cruz
/Agência Brasil
(Foto: Antônio Cruz /Agência Brasil)

Em rota de colisão com o Planalto desde que assumiu a presidência da Câmara dos Deputados, no início do ano, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) rompeu definitivamente com governo nesta sexta-feira (17), migrando para a oposição. “Teremos a seriedade que o cargo ocupa. Porém, o presidente da Câmara é oposição ao governo”, disse.

Cunha responsabiliza o Planalto pelo seu envolvimento nas investigações da Operação Lava Jato. Para ele, há uma articulação do governo para jogá-lo no centro da investigação. Na quinta-feira (16), ele foi acusado pelo lobista Júlio Camargo de receber US$ 5 milhões de propina. Ele nega as acusações. “Tem um bando de aloprados no Planalto que vive desse tipo de circunstância, de criar constrangimentos. O governo não me engole, tem um ódio pessoal contra mim, faz tudo para me derrotar”, disse.

A estratégia, extremamente arriscada, já começa a produzir efeitos colaterais. Dos dois lados. De imediato, o PMDB, sigla de Cunha, se apressou em dizer que não compunha com o presidente da Câmara. Posicionamento que logo foi seguido pela oposição.

No PMDB, a ordem é deixar Cunha isolado para evitar que os ataques do presidente da Câmara tenham efeitos sobre a aliança da sigla com o Planalto. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também investigado na Lava Jato, cancelou entrevista para fazer um balanço do semestre e manteve-se em silêncio sobre os ataques de Cunha.

“É uma posição dele, não é partidária. É um ato pessoal. O PMDB entrou [no governo] pela porta da frente. Queremos candidato próprio [à Presidência] em 2018, mas no momento adequado vamos acabar a aliança pela porta da frente. Não por uma porta lateral”, afirmou o senador Eunício Oliveira (CE), líder do PMDB no Senado.

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que Cunha reagiu por ser vítima de um “excesso” das investigações, mas tomou uma posição individual. Crítico do governo Dilma, Jucá disse que adota postura “independente”, mas não está rompido com o Planalto, ao contrário do presidente da Câmara. O peemedebista se diz “bombeiro” do atual momento de crise.

A oposição, por sua vez, classificou como “muito grave” o anúncio feito pelo peemedebista. O grupo teme que sua decisão crie uma crise institucional, levando a um agravamento da crise política e econômica pela qual passa o país. Eles veem o movimento com cautela e defendem as investigações contra o presidente, sem que Cunha seja poupado por declarar guerra à presidente Dilma Rousseff, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário. Até o momento, apenas o Solidariedade declarou apoio a Cunha publicamente. “Vislumbro um quadro muito difícil nesse segundo semestre. Há uma instabilidade institucional agravada. Ele declarou publicamente guerra ao governo”, disse o líder do Democratas na Câmara, Mendonça Filho (PE).

CPI

Cunha, porém, não perdeu tempo. Poucas horas após ter oficializado o rompimento com o governo, promoveu a primeira ação contra o Planalto. Ele autorizou a criação de uma CPI que investigará irregularidades de empréstimo pelo BNDES – e que deixa o governo bem preocupado.

As CPI será instalada em agosto, quando o Congresso retornará do recesso.

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