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Henrique Eduardo Alves (esq.), líder do PMDB na Câmara, ao lado de Temer:  peemedebistas querem mais cargos. Mas quem eles querem indicar? | Luiz Cruvinal / Agência Câmara
Henrique Eduardo Alves (esq.), líder do PMDB na Câmara, ao lado de Temer: peemedebistas querem mais cargos. Mas quem eles querem indicar?| Foto: Luiz Cruvinal / Agência Câmara

Pressa dos novatos causou turbulência

O conflito entre PMDB e PT poderia ter sido evitado se os ministros tivessem mais paciência na formação de suas pastas. A opinião é compartilhada por dois deputados federais do Paraná com trânsito no comando nacional de suas legendas: André Vargas, secretário de Comunicação do PT, e Rodrigo Rocha Loures, que faz parte da executiva nacional do PMDB.

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As lideranças nacionais do PMDB iniciaram ontem uma movimentação para pôr panos quentes na disputa por cargos no Planalto – embate que pode refletir na eleição para a presidência da Câmara e na votação do salário mí­­­nimo. De um lado, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), garantiu que seu partido votará um reajuste do benefício superior a R$ 540 somente se for compatível com as contas públicas. Do outro, o líder da legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), ressaltou que o candidato do PMDB para presidir a Casa é o petista Marco Maia (RS). En­­­­tretanto, as bases peemedebistas continuam a dar sinais de que podem se rebelar contra as orientações da presidente Dilma Rousseff (PT) como protesto contra a falta de cargos no Planalto.

Menos de 24 horas depois de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter dito que a presidente vetará qualquer proposta de salário mínimo "diferente" dos R$ 540,00 propostos pela equipe econômica, o PMDB desafiou o governo e deixou claro que não aceitará imposições do Palácio do Planalto. De imediato, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou ontem a sua decisão de apresentar uma Proposta de Emenda Cons­­­titucional (PEC) alterando as regras para derrubar vetos presidenciais. Conforme o artigo 66 da Constituição, se o Congresso quiser derrubar um veto presidencial, os parlamentares têm de fazê-lo por maioria absoluta das duas Casas reunidas em sessão conjunta, no prazo de 30 dias a contar do recebimento da mensagem do Planalto. Cunha vai propor uma regra que facilite a derrubada desses vetos presidenciais, estabelecendo uma tramitação semelhante à das Medidas Provisórias.

Diante disso, o líder Henrique Alves divulgou nota oficial destacando que "chegou a hora de o plenário debater e votar" o valor do mínimo, fixado pelo presidente Lula por meio de Medida Provisória. Disse que quer antecipar a discussão e fazê-la em torno de números e razões, e não baseado em emoção e demagogia.

Em seguida, mencionou as "graves repercussões" do reajuste nas finanças dos estados e municípios para tentar negar que o PMDB esteja usando o mínimo para retaliar o governo. "Misturar esse tema com a definição de cargos na composição natural do governo é uma absurda e imperdoável irresponsabilidade."

Cargos

Mesmo tentando abafar o descontentamento do partido, a cúpula do PMDB deixou claro que vai cobrar da presidente Dilma Rousseff o que, afirmam, lhes é devido na condição de "sócios da vitória". Em uma reunião na noite de terça-feira na casa da governadora do Mara­­nhão, Roseana Sarney, dirigentes do PMDB decidiram exigir a montagem de um protocolo de divisão mais igualitária do poder com o PT e o respeito aos espaços do partido e assento nos conselhos que definem os rumos políticos e as medidas do governo.

A cúpula peemedebista não aceita ficar de fora das reuniões do núcleo do poder no Palácio do Planalto, o que já estava avisado desde a campanha presidencial. Avalia que é hora de demonstrar unidade, não só para garantir presença em todos os conselhos políticos de Dilma, como para evitar que petistas ocupem mi­­­­nistérios do PMDB, avançando sobre posições da legenda no segundo escalão federal.

Orientado em boa parte pelo ministro da Defesa, Nelson Jo­­­bim, que abriu o debate durante o jantar, sobre o tamanho da representação do partido, o PMDB decidiu que não deve se desgastar tratando de cargos no varejo. A opção, sugeriu o ministro, é definir com a presidente o real status do partido no poder. "E logo", aconselhou Jobim.

Estavam no jantar, além do ministro da Defesa e do vice-presidente da República, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), todos os ministros peemedebistas e parlamentares da sigla. O partido o encarregou Temer de levar os problemas e as demandas a conhecimento da presidente.

A ordem é não lamentar postos já perdidos. "O que passou, passou", disse Roseana, quando um dos convidados citou as presidências da Eletrobrás e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Entre as posições que o PMDB não quer perder de forma alguma para o PT foram mencionadas a presidência da Trans­­­petro e diretorias na Caixa Eco­­­nô­­­­mica Federal e Banco do Brasil.

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