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reforma política

Curitibano rejeita financiar campanha política

Levantamento mostra que 67% apoiam o voto distrital, mas 83% desconhecem discussão sobre mudança no sistema eleitoral no Congresso

Sandro Alex: ele disse que a intenção era só discutir rádio digital. | Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
Sandro Alex: ele disse que a intenção era só discutir rádio digital. (Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo)

A maioria dos eleitores curitibanos é a favor da implantação do voto distrital no país (67%) e é contra o financiamento público de campanha (86%) e a criação de um sistema de voto em lista fechada (79%) – na qual o eleitor vota no partido e a as legendas estabelecem a ordem dos candidatos de acordo com a sua preferência. Porém grande parte da população desconhece que o Congresso Nacional tenta novamente elaborar uma proposta de reforma política a partir de hoje, que irá tratar destes temas.

Essas são as principais conclusões apontadas por um levantamento do Insituto Paraná Pesquisa (veja dados ao lado) a pedido do deputado federal pelo PPS, Sandro Alex, que integra o grupo que vai discutir as mudanças no sistema eleitoral e partidário brasileiro na Câmara dos Deputados.

A primeira reunião da comissão especial da Câmara para debater a reforma política será hoje ao meio-dia. O grupo contará com 40 integrantes. No Senado, a comissão integrada por 15 senadores, entre eles, o paranaense Roberto Requião (PMDB), se reúne às 14 horas. No Senado, a intenção é debater 11 temas para elaborar uma proposta de alteração ao atual sistema político. Na Câmara não há uma pauta de discussão.

Apesar dessa movimentação no Congresso, a maioria das pessoas não está preocupada com o assunto e nem sabe da vontade de deputados e senadores mudarem as regras eleitorais. Segundo os dados da Paraná Pesquisa, 83% dos eleitores desconhecem a iniciativa e somente 17% sabiam das recentes discussões.

Para o professor da Uni­­­versisade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Cervi, que leciona ciência política, o dado mostra que a preoupação de mudar o atual sistema eleitoral brasileiro é das elites partidárias e não do cidadão, o que reforça as atuais regras de votação e representação política. "O atual sistema não está gerando descontentamento na população. Se tivesse, mais gente estaria acompanhando essa discussão", garante.

O diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, concorda e chama a atenção para temas polêmicos da proposta de reforma que não são aceitas pela maioria dos eleitores. Ele cita como os exemplos mais fortes a rejeição ao voto em lista fechada e ao financiamento público de campanha. Segundo o levantamento, 86% discordam da proposição do governo dar dinheiro aos partidos políticos para financiar a campanha e outros 79% também não querem escolher deputados e senadores a partir de uma lista de candidatos estipulada pelos partidos.

Somente 16% são simpáticos à ideia do voto em lista fechada e 12% dos eleitores ouvidos concorda com o financiamento público. "De onde virá o dinheiro? Será criado um novo imposto? Sem saber como funcionará o eleitor rejeita a ideia", conclui Hidalgo. O deputado Sandro Alex também não vê com bons olhos o uso de dinheiro público e lembra que já há financiamento indireto, por meio do horário eleitoral gratuito no rádio e na tevê. "Os partidos políticos não pagam para utilizar as concessões públicas."

Sistema misto

O levantamento não questiona o eleitor sobre um sistema misto, em que metade dos parlamentares seja escolhida por voto distrital, em que elege-se um representante para cada região do estado ou município, e o voto em lista. Porém, Sandro Alex, que encomendou a pesquisa, disse que esse é o sistema que ele irá defender em Brasília durante as discussões da reforma política. "É o que pode ser melhor aplicado e seria um avanço para o Brasil."

Emerson Cervi critica o modelo de voto em lista fechada e diz acreditar que ele é cogitado porque favorece os atuais dirigentes partidários. "A proposta é a joia da coroa [para os atuais comandantes dos partidos]. Eles acreditam que dominando o partido já estão eleitos", analisa Cervi. Para o professor há deficiências também no modelo de voto distrital. "Os distritos vão ser os mesmos daqui a dez anos ou vão mudar? O sistema pode distanciar a vontade do eleitor e dos representantes eleitos."

Serviço:

A pesquisa foi feita entre os dias 24 e 27 de fevereiro com 804 eleitores maiores de 16 anos em Curitiba. A margem de erro de 3,5%.

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