Brasília - Em meio à disputa entre França, Suécia e Estados Unidos pela venda de 36 caças militares ao Brasil, o diretor da empresa francesa Dassault no país, Jean Marc Merialdo, rebateu ontem críticas das concorrentes contrárias ao Rafale aeronave produzida pela empresa europeia. Ao classificar de "falta de compostura" algumas informações divulgadas pelas empresas Gripen (Suécia) e Boeing (EUA) contra o Rafale, Merialdo negou que a aeronave tenha um preço 40% mais alto que as demais.
O representante da Dassault, que convocou entrevista coletiva para rebater as críticas das concorrentes, não quis revelar o preço da aeronave ao argumentar que a concorrência da Força Aérea Brasileira (FAB) impede divulgação de valores. "Respeitamos o termo de confidencialidade que assinamos com a Força Aérea Brasileira, o que deveria ter sido feito pelos outros concorrentes. Vimos a informação de que a proposta do Rafale seria 40% mais cara que do F-18 (Boeing). Essa informação não tem fundamento", afirmou.
Segundo Merialdo, o valor oferecido ao governo brasileiro é "compatível" com a de outras aeronaves da mesma classe, assim como segue o preço oferecido ao governo francês pelos Rafale. "Eu não posso sair da posição de confidencialidade em relação aos preços. As últimas propostas já foram entregues à FAB. O compromisso inicialmente firmado pelo governo francês, e cumprido pela empresa, era que os preços eram compatíveis com os preços oferecidos à Força Aérea Francesa."
A redução de preços do Rafale teria sido resultado de pressões do presidente francês, Nicolas Sarkozy, cedendo ao governo brasileiro. Durante sua visita ao Brasil, em setembro, Sarkozy teria se comprometido diante das autoridades brasileiras a oferecer um preço equivalente ao que as Forças Armadas francesas pagam pelos Rafale estimado em 50 milhões de euros cada um (cerca de R$ 125 milhões). Há especulações de que o valor inicial seria de 98 milhões de euros (R$ 245 milhões) por aeronave vendida ao Brasil, mas a Dassault não confirma a informação. O presidente Lula deve discutir o assunto amanhã, na França, com o presidente Sarkozy.



