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Lava Jato

Defesa de Dirceu explora contradições de delatores

Dirceu: três delatores que o acusam, segundo ele, têm versões contraditórias. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Dirceu: três delatores que o acusam, segundo ele, têm versões contraditórias. (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

As recentes contradições entre depoimentos do delator da Operação Lava Jato Fernando Horneaux de Moura podem ajudar a defesa do ex-ministro José Dirceu. Em depoimento recente à Justiça Federal, Dirceu argumentou com o juiz Sergio Moro que há uma “degradação” da delação premiada no seu caso.

“O Fernando Moura se contradiz não só ao meu respeito, mas sobre outros também. Há três ou quatro grandes contradições. O Julio Camargo e o Milton Pascowitch a mesma coisa”, disse, citando as três principais delações premiadas que citam sua suposta participação no esquema de desvio de recursos na Petrobras.

O Fernando Moura se contradiz não só ao meu respeito, mas sobre outros também. Há três ou quatro grandes contradições. O Julio Camargo e o Milton Pascowitch a mesma coisa

José Dirceuem depoimento ao juiz Sergio Moro.

Na semana retrasada, Fernando de Moura foi ouvido novamente pela Justiça Federal. Ele admitiu ao Ministério Público Federal (MPF) que mentiu em um depoimento prestado a Moro no dia 22 de janeiro, contrariando alguns pontos que havia afirmado no acordo de delação premiada. No novo depoimento ao juiz Moro, ele alegou ter escondido alguns pontos sobre a participação de Dirceu no esquema pois se sentiu ameaçado.

Estratégia

A admissão da mentira por Moura caiu no colo da defesa de Dirceu. “O depoimento dele perdeu toda a credibilidade a partir disso”, disse o advogado Roberto Podval, na saída da Justiça Federal, no dia em que o delator foi novamente ouvido. Tudo indica que esta será uma das estratégias dos defensores do ex-ministro nas alegações ao juízo.

Apesar disso, Podval não manifesta pretensão de pedir anulação de acordos. O MPF, por sua vez, abriu investigação sobre a colaboração de Moura e não exclui a possibilidade de indeferir a delação. Mesmo que isso ocorra, o procurador Roberson Henrique Pozzobon destaca que todas as declarações e documentos obtidos com o acordo podem ser mantidas pela acusação em detrimento da aquisição de benefícios pelo delator.

Procurado pela reportagem, Podval não quis detalhar quais as outras contradições, além das palavras de Moura, são encontradas em depoimentos de delatores que envolveram José Dirceu no esquema.

O ex-ministro tem citado em audiências que, além das declarações, não há provas que o condenem, apenas anotações “inconsistentes”.

Provas

Pozzobon, por sua vez, se diz tranquilo sobre a possibilidade de uso das contradições de delações premiadas por Dirceu. “Vejo que as contradições são decorrentes da realidade. É natural que as pessoas tenham diferentes impressões sobre o mesmo fato, decorrente do tempo e da memória constituída”, diz o procurador.

Segundo ele, os depoimentos servem apenas para “começar uma investigação”. “Jamais a palavra de um colaborador vai servir unicamente para que alguém seja condenado, vai servir juntamente com provas materiais, documentos e outras testemunhas”, observa.

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