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Operação Porto Seguro

Delator cita presidente do Senado na investigação de tráfico de influência

Ex-auditor que denunciou o esquema desvendado pela PF afirma que chefe da organização disse em conversas que iria recorrer a Sarney para beneficiar empresa no Porto de Santos. Senador nega

Terminal de contêineres em Santos: segundo a PF, a organização teria atuado para beneficar a empresa Tecondi | Alex Ferraz/Tribuna de Santos
Terminal de contêineres em Santos: segundo a PF, a organização teria atuado para beneficar a empresa Tecondi (Foto: Alex Ferraz/Tribuna de Santos)

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi colocado ontem sob suspeita de ter participado do esquema de tráfico de influência e venda de pareceres técnicos para beneficiar grupos privados no Porto de Santos (SP). Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo publicada nesta sexta-feira informa que, no inquérito da Operação Porto Seguro, o delator do esquema, Cyonil Borges, diz que Paulo Vieira, um dos comandantes do esquema, teria citado em conversas que recorreria a Sarney para beneficiar a organização criminosa no Tribunal de Contas da União (TCU). Sarney negou o envolvimento.

A acusação contra Sarney envolve um processo do TCU em favor da empresa Tecondi, que opera um terminal de contêineres do Porto de Santos. Segundo a reportagem, a Operação Porto Seguro teria descoberto que Vieira fazia lobby no TCU para beneficiar a Tecondi em auditoria que discutia irregularidades em contrato de arrendamento de áreas do Porto de Santos.

Em 2007, o ex-auditor chegou a se manifestar contra a permanência da Tecondi no terminal portuário. O processo foi remetido ao gabinete do então relator Marcos Vinícius Vilaça, ex-ministro do TCU, hoje aposentado. Entre 2008 e 2010, Vieira teria operado para que o TCU mudasse a decisão. Nessa época, e já envolvido no esquema, Cyonil mudou seu parecer, favorecendo a empresa.

Mas, relata o jornal, o novo ministro relator do caso no TCU, José Múcio, não concedeu decisão favorável à empresa, apesar do novo parecer. Isso ocorreu em novembro de 2010. Vieira, então, teria informado que recorreria a Sarney, segundo o depoimento de Cyonil. Logo depois, Múcio deixou o caso, alegando motivo de "foro íntimo". Múcio não foi ouvido pelo O Estado de S.Paulo para explicar as razões de ter saído do caso.

Advogado da União

Em outra reportagem publicada ontem, o jornal O Globo entrevistou o ex-advogado-geral adjunto da União José Weber Holanda Alves, acusado de também participar do esquema de tráfico de influência. Ele disse não ser "vilão nessa história". E apontou, sem citar nomes, a participação de outros procuradores da União no esquema de compra e venda de pareceres jurídicos investigado pela PF. "Estou como vilão nessa história e eu não sou vilão. Outros procuradores estão envolvidos e não se fala sobre eles. Não quero citar nomes", disse Weber. "Há outras pessoas no inquérito. Só sai meu nome na imprensa. Estou precisando trabalhar e vocês [jornalistas] não estão deixando."

Weber também defendeu o ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, responsável por sua indicação ao cargo de advogado-geral adjunto. "O ministro é um homem de bem, honrado."

Em Curitiba, Gleisi defende o advogado-geral da União

Euclides Lucas Garcia

A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, defendeu ontem o ministro Luís Inácio Adams, da Advocacia-Geral da União (AGU), do desgaste que o colega vem sofrendo em decorrência da Operação Porto Seguro, deflagrada pela Polícia Federal. A pressão sobre ele aumentou nos últimos dias com a denúncia de que o ex-advogado-geral-adjunto da União José Weber Holanda, que foi indiciado por corrupção passiva pela PF, é fiador de um contrato de aluguel da casa em que Adams vive em Brasília. Nomeado por Adams para o posto de número 2 da AGU, Weber já foi alvo de uma série de investigações nos últimos dez anos, entre elas uma da Controladoria Geral da União (CGU) por ter seu patrimônio considerado desproporcional à sua renda.

Seriedade

No entanto, Gleisi fez questão de ressaltar que Adams sempre agiu com seriedade no governo federal e tem dado grande contribuição à União. "Ele explicou todas as denúncias, foi ao Congresso [prestar esclarecimentos] e está muito seguro", disse. "Ele está triste em ver a posição que teve o Weber. A postura dele tem sido muito correta."

Gleisi esteve ontem em Curitiba para receber o troféu Cooperativas Orgulho do Paraná, oferecido pela Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

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