
As investigações da Operação Lava Jato indicam que ao menos um integrante da atual direção da estatal também estaria envolvido no esquema de desvio de recursos da empresa. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, que firmaram acordo de delação premiada, afirmaram que o atual diretor de abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza, recebeu "comissões" de empreiteiras contratadas pela estatal.
Cosenza substituiu Paulo Roberto Costa na diretoria de abastecimento. Em recente depoimento à CPI mista da Petrobras, Cosenza negou que soubesse de irregularidades na estatal.
Recentemente, Costa havia implicado outro integrante da cúpula da estatal no esquema. Disse que recebeu R$ 500 mil de propina paga por Sérgio Machado, presidente licenciado da Transpetro, subsidiária da Petrobras.
Questionamento
A denúncia contra Cosenza foi revelada em um questionamento feito pelo delegado da Polícia Federal (PF) Agnaldo Mendonça Alves no interrogatório de um dos executivos presos na sexta-feira passada. "Paulo Roberto e Alberto Youssef mencionaram o pagamento de comissões pelas empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobras para si, para os diretores [Renato] Duque, [Nestor] Cerveró e Cosenza e para agentes políticos. Confirma?", questionou o delegado em depoimento no sábado.
A pergunta foi feita a Othon Zanoide de Moraes Filho, da construtora Queiroz Galvão. Moraes Filho disse desconhecer o pagamento de comissões e que nunca teve conversa com ambos sobre o assunto. A respeito do atual diretor da Petrobras, o executivo da Queiroz Galvão disse conhecê-lo da época em que Cosenza trabalhava como subordinado de Costa.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Petrobras, mas não obteve retorno até o fechamento da edição. O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, negou que seu cliente tenha praticado qualquer irregularidade. A defesa de Renato Duque também tem negado que seu cliente tenha tido participação em irregularidades e desvios.
Dilma pode mudar cúpula da estatal, diz TemerEstadão Conteúdo
O vice-presidente Michel Temer disse ontem que a presidente Dilma Rousseff poderá fazer mudanças na diretoria da Petrobras até o fim do ano. "A presidente tomará as deliberações agora ou no final do ano em relação a essa matéria [mudança da diretoria da estatal]", disse Temer. Questionado sobre a situação da atual presidente da Petrobras, Graça Foster, Temer desconversou e disse apenas que a permanência ou não dela à frente da estatal "é uma questão administrativa".
O vice afirmou ainda que, após a prisão de diretores das principais construtoras do país envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras na última sexta-feira, poderá ser preciso fazer uma "repactuação" dos contratos mantidos por elas com a estatal. "Acho que pode haver uma repactuação das obras na Petrobras, para eliminar eventuais exageros [nos preços]."
Graça Foster admite saber de propinaFolhapress
A presidente da Petrobras, Graça Foster, admitiu ontem que já tinha, desde meados do ano, a informação de que a empresa holandesa SBM Offshore fez pagamento de propina a "empregado ou ex-empregado da Petrobras".
Até então, a Petrobras não havia comunicado oficialmente que tinha recebido tal informação.
Apuração interna
O que vinha sendo dito - e que foi repetido na última sexta-feira, quando a Petrobras voltou ao tema por meio de um comunicado era que uma comissão de apuração criada em fevereiro, quando as denúncias tornaram-se públicas, havia investigado internamente, durante 45 dias, mas nada havia sido descoberto. E que, depois disso, a apuração continuou, e relatórios complementares haviam sido enviados à Controladoria Geral da União e ao Ministério Público Federal.
O comunicado da semana passada foi emitido no contexto do acordo fechado entre o Ministério Público holandês, que investigava o caso, e a SBM.
"Passadas algumas semanas, alguns meses [da investigação interna da Petrobras], eu fui informada de que havia, sim, pagamentos de propina para empregado ou ex-empregado da Petrobras. Imediatamente, e imediatamente é imediatamentemente, é que informamos a SBM de que ela não participaria de licitação conosco enquanto não fosse identificada a origem, o nome de pessoas que estão se deixando subornar na Petrobras", afirmou a presidente da Petrobras.






