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Delcídio Amaral está preso na Polícia Federal em Brasília. | Jane de Araújo/Agência Senado
Delcídio Amaral está preso na Polícia Federal em Brasília.| Foto: Jane de Araújo/Agência Senado

Preso por suspeita de obstrução à Operação Lava Jato , o senador Delcídio Amaral (PT-MS) declarou à Polícia Federal nesta quinta-feira (26) que por uma “questão humanitária” e para “dar uma palavra de conforto” manteve reuniões com o filho do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, Bernardo, mas negou ter cometido irregularidades ou tentado prejudicar a investigação. As informações foram prestadas pelo advogado de Delcídio, Maurício Silva Leite.

Delcídio foi preso depois que Bernardo entregou à Procuradoria-Geral da República (PGR) a gravação de uma conversa na qual o parlamentar discute influência política sobre ministros do STF para tentar libertar Cerveró e um plano de fuga para o Paraguai e Europa.

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O ex-diretor da Petrobras está preso na carceragem da Polícia Federal de Curitiba e fechou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal no qual fez acusações contra Delcídio.

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A conversa entre o filho de Cerveró, um advogado dele, Edson Ribeiro , e Delcídio ocorreu no início de novembro, no momento em que a delação estava sendo negociada com o Ministério Público.

No depoimento à PF, que durou cerca de quatro horas e foi prestado a dois procuradores da República e um delegado federal na Superintendência da PF em Brasília, o parlamentar disse que foi procurado pelo filho de Cerveró para que “intercedesse” em habeas corpus impetrados em tribunais superiores em favor de seu pai.

Delcídio disse que anotou os pedidos e prometeu “encaminhá-los”, mas afirmou que “jamais” discutiu com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) o andamento dos processos relativos a Cerveró.

Delcídio disse que nos últimos anos manteve reuniões apenas “institucionais” com ministros do STF e “ultimamente” e “nos últimos meses” não se reuniu com nenhum dos ministros citados na gravação, Teori Zavascki, Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

O senador está preso numa sala administrativa do prédio desde a manhã de quarta-feira (25), quando foi levado de um hotel de Brasília por ordem do ministro do STF Teori Zavascki, a pedido da PGR.

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De acordo com o advogado de Delcídio, poderão ocorrer novos depoimentos nos próximos dias, pois alguns temas tratados na gravação feita por Bernardo não foram objeto de perguntas no primeiro depoimento, como o suposto oferecimento de uma mesada de R$ 50 mil para que Cerveró não fizesse a delação premiada com a PGR ou o próprio suposto plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras.

Segundo o advogado, o parlamentar “está muito chateado, mas muito serenamente aguardando a reversão da decisão” do STF que o levou à prisão. A ordem dada por Zavascki foi confirmada pelos outros quatro ministros da segunda turma do STF. Para o defensor, o primeiro depoimento dado por Delcídio foi “muito esclarecedor”.

“O senador disse que [a reunião] foi um pedido que o advogado e o filho do Cerveró fizeram para ele e ele disse que iria encaminhar o assunto, que ia interceder sim, e ele explicou que era uma questão humanitária, que era dar uma palavra de conforto e esperança, e que iria fazer isso para diminuir a dor, o sofrimento, talvez. Ele mencionou que conhecia a família [de anos antes]”, disse o advogado Maurício Silva Leite.

Segundo os investigadores, Delcídio temia uma delação premiada de Cerveró porque outro delator, o lobista Fernando Soares, o Baiano, havia dito que fora orientado por Cerveró a pagar entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão ao senador para quitar dívidas da campanha eleitoral de Delcídio de 2006. Os pagamentos foram feitos, segundo Baiano, por meio de um “amigo de infância” do senador.

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