
A Corregedoria da Policia Civil afirmou, nesta terça-feira (4), que a delegada adjunta Raíssa Celess, que fez o registro da ocorrência do caso dos policiais suspeitos de promover uma falsa blitz na noite de segunda-feira (3), em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, é noiva do delegado da 50ª DP (Itaguaí), Carlos Eduardo Hertal, um dos acusados.
"Nós vamos ter que avaliar o que foi dito dentro de um contexto. Se o que a delegada disse configurar algum desvio de conduta também, ela vai responder por isso", afirmou o chefe da Polícia Civil, Gilberto Ribeiro.
Segundo a corregedora Ivanete Fernanda de Araújo, a delegada, que também será investigada, registrou o caso apenas como desacato, desqualificando o furto de uma carteira. Segundo uma testemunha que foi abordada pelo grupo que realizou a falsa blitz, durante a revista, o delegado teria levado a carteira com documentos e dinheiro da vítima.
"O próprio delegado pegou o meu pescoço e me empurrou para o carro. Ele se identificou como policial civil. Parecia que a gente estava sendo abordado como bandido", contou uma das vítimas que não quis se identificar.
A Corregedoria investiga a participação do delegado, do agente penitenciário Marcelo Carvalho de Oliveira e de dois policiais civis na falsa blitz. Eles também são acusados de agressão aos motoristas e de desacato à autoridade, no momento em que foram abordados por policiais do 12º BPM (Niterói).
Corregedoria pedirá afastamento de delegado
Ivanete Fernanda de Araújo disse que vai pedir ao chefe da Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, a remoção do cargo do delegado adjunto Célio Eduardo Erthal, até que esteja concluída a sindicância aberta nesta terça-feira (4). Segundo ela, se comprovada todas as denúncias registradas na 78ª DP (Fonseca), o delegado poderá ser expulso da corporação.
PMs vão depor na corregedoria
A Corregedoria da Polícia Militar ficou de encaminhar os 15 PMs que participaram da detenção do delegado e do agente para prestar depoimento à corregedora. Ivanete vai encaminhar toda a documentação à Corregedoria da Secretaria de Ação Penitenciária, para que seja aberta uma sindicância para apurar as irregularidades cometidas por Marcelo.
"Pelos relatos que recebi, os quatro vinham agindo desde a tarde de segunda-feira (3), em bairros de Niterói. Também soube que não é a primeira vez que agem desta forma. Eles forjam blitze para abordar motoristas que consideram suspeitos. Não tenho notícias se há extorsão ou roubo. Mas já há indícios de irregularidades penal e administrativa", disse Ivanete.
Nomeação sub judice
De acordo com a ficha levantada pela Corregedoria, Célio Eduardo Erthal foi nomeado delegado adjunto em 2005 por força de uma liminar. Sua nomeação definitiva como delegado está sub judice. Um dos policiais que participou da falsa blitz, já identificado, estaria respondendo a um inquérito disciplinar.
Além da falsa blitz, os quatro homens foram acusados na delegacia de roubar R$ 70 de um dos motoristas abordados, de ter agido com truculência, de ter destruído o circuito interno de uma termas e de ter resistido à prisão. Quando a PM foi chamada para acabar com a confusão numa casa de massagens, os dois policiais civis fugiram.
Desconhecimento da arma
Com o delegado e o agente penitenciário, os PMs encontraram três armas: duas regulares e uma pistola 9mm com a numeração raspada, que estava numa mochila no banco traseiro do carro de Erthal. Na Corregedoria, ele disse que desconhecia a arma. O delegado afirmou que deixou o carro aberto e que não sabe como aquela mochila apareceu lá dentro.
"A confusão é grande e a situação de Erthal é bastante complicada. Ele não apresentou nenhuma justificativa plausível para tantas transgressões das normas policiais. Ou seja, para o fato de estar fazendo diligências fora da jurisdição dele, sem ter dado ciência ao titular da delegacia dele ou da autoridade policial da região. Ele também permitiu que um agente atuasse como policial, efetuou abordagens irregulares e não explicou a arma adulterada encontrada no carro dele" disse Ivanete, acrescentando que se as denúncias forem confirmadas poderá pedir a prisão preventiva de Erthal.
A corregedora pretende ouvir os motoristas, os policiais militares e os responsáveis pelas termas. Ela também pediu perícia na casa de massagens e no carro do delegado.
Corregedoria Geral Unificada
Em nota oficial, o secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, determinou que o caso seja investigado no âmbito da Corregedoria Geral Unificada, a cargo do desembargador Gustavo Leite. As denúncias que envolvem o caso foram consideradas graves e os procedimentos apuratórios serão iniciados o mais rapidamente possível.
A Secretaria de Administração Penitenciária informou que já abriu uma sindicância para investigar o envolvimento do agente Marcelo Carvalho de Oliveira. A polícia está à procura de outros dois homens que teriam participado das ações desta madrugada, em Niterói.



