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O delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Antônio Valencise, tentou nesta quarta-feira, durante o dia todo, entrar em contato com o delegado da Polícia Federal de Brasília, Rodrigo Carneiro Gomes, que investiga a quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, e não conseguiu. Ele queria a ajuda do delegado da PF para intimar o ex-ministro Antonio Palocci para depor em inquéritos sobre irregularidades na administração petista de Ribeirão Preto, sem sucesso.

Na segunda-feira, Valencise havia combinado com o delegado do Distrito Federal que nesta terça-feira passaria a ele um fax com uma intimação para ser entregue ao ex-ministro da Fazenda para que ele fosse depor em Ribeirão Preto ou Brasília. Como Palocci prestou depoimento em sua casa alegando problemas de saúde, um dia antes do previsto, a estratégia do delegado de Ribeirão Preto para intimá-lo não deu certo.

- Liguei um milhão de vezes e não conseguimos falar com a Polícia Federal de Brasília. A informação que temos é que o delegado Rodrigo está muito atribulado e não poderia nos atender. Mas pretendemos trabalhar em conjunto com ele e a intenção é intimar Palocci para depor nos dias 19 ou 20 de abril - disse Valencise.

O delegado descartou a possibilidade de ouvir o ex-ministro por carta precatória e garante que não vai passar para outra pessoa a função de interrogar Palocci.

- A complexidade dos fatos exige que o depoimento seja feito pessoalmente, olhos nos olhos - afirmou.

Caso Palocci alegue problemas médicos para não depor e insista neste argumento, Valencise afirma que pode tomar outras providências para obrigá-lo a depor.

- É um direito dele, mas podemos tomar providências de Polícia Judiciária - disse sem entrar em detalhes.

Nesta quarta-feira Valencise, acompanhado do promotor do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional Para Prevenção ao Crime), Daniel José de Angelis, visita cidades da região de Ribeirão Preto para colher depoimentos de oito testemunhas no inquérito que apura o superfaturamento do serviço de limpeza pública de Ribeirão Preto. De acordo com a Polícia Civil e o Ministério Público estadual o suposto esquema pode ter desviado dos cofres públicos de Ribeirão Preto cerca de R$ 400 mil por mês.

- Não vou dizer os nomes das cidades e das pessoas - disse.

O delegado confirma que pretende indiciar Palocci e mais dez pessoas por crimes como corrupção ativa ou passiva, formação de quadrilha, peculato e falsidade ideológica. Os crimes, segundo ele, teriam sido cometidos durante as gestões de Palocci e Gilberto Maggioni como prefeitos de Ribeirão Preto, no período de 2001 a 2004.

Anteontem ocorreu o primeiro indiciamento, o da engenheira Luciana Muscelli Alecrim, que foi diretora técnica do Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto).

- Ela era subordinada a Isabel Bordini que determinava que ela fizesse a falsificação de Ordens de Serviço e ela repassava estas ordens aos demais funcionários do Daerp. Ela sabia do esquema- explicou o delegado.

Isabel Bordini foi superintendente do Daerp entre 2001 e 2004. Em depoimento a Polícia Civil, em fevereiro deste ano, o advogado Rogério Tadeu Buratti, afirmou que Isabel obedecia a ordens superiores.

- A Leão tratava diretamente com o prefeito, e muitas das vezes antes de liberar as medições, dizia que ia confirmar se o valor estava correto com prefeito. Isabel Bordini obedecia às ordens do prefeito Palocci e, depois, ao prefeito Maggioni - afirmou em depoimento.

Todas as pessoas investigadas pela Polícia Civil e o Ministério Público estadual negam as irregularidades.

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