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Delegada Erika Marena: decisão do STF de “fatiar” a Lava jato foi um erro. | Rodolfo Bührer/Reuters
Delegada Erika Marena: decisão do STF de “fatiar” a Lava jato foi um erro.| Foto: Rodolfo Bührer/Reuters

Delegados da Polícia Federal (PF) lamentaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada na quarta-feira (22), de desmembrar parte da investigação da Operação Lava Jato que não tem relação direta com a Petrobras, tirá-la do Paraná e levá-la a São Paulo. A delegada Erika Marena disse que a decisão foi um “erro”. Ela destacou que a eficiência da operação decorre justamente da integração entre PF, Ministério Público Federal (MPF) e Justiça Federal – com a 13.ª Vara de Curitiba tratando do caso com exclusividade.

“Trata-se do mesmo grupo criminoso, organizado para comprar apoio político-partidário, tendo usado não apenas contratos da Petrobras, mas de outros órgãos”, disse Erika. “A divisão [das ações] poderia impedir que provas colhidas num caso sejam analisadas à luz de todo o conjunto investigado”, completou. Para a investigadora, o fatiamento pode levar à dispersão de provas importantes.

Outro delegado que lamentou a decisão do STF foi Marcio Adriano Anselmo, que iniciou as apurações da Lava Jato. “É triste porque quebrou uma estrutura que já existia. Aqui [em Curitiba], o caso está redondo. Quem assumir agora não vai ter a noção do todo como nós temos. Vai ser mais difícil”, declarou.

Também há o temor da PF de que os processos demorem mais a ser julgados no STF, por questão de estrutura. “Os inquéritos da Lava Jato que foram para lá ainda estão em fase de recebimento de denúncia”, afirmou o delegado, durante uma palestra no encontro da Rede de Controle da Gestão Pública do Paraná. “A própria estrutura do tribunal não permite que as ações sejam julgadas de uma maneira célere”, disse.

Na quarta-feira (23), o STF decidiu “fatiar” um dos desdobramentos da Lava Jato, no qual foram encontrados indícios de participação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) em fraude no Ministério do Planejamento. Com isso, o caso será formalmente separado das investigações do esquema de corrupção na Petrobras e os envolvidos que não possuem prerrogativa de foro serão investigados e processados em São Paulo. A decisão abre brecha para que a condução de outros casos pela Justiça e pela PF do Paraná, que não têm conexão com a Petrobras, seja questionada.

Ajuda

Na PF do Paraná, porém, os investigadores estão resignados. Eles pretendem avançar nas suspeitas sobre a Petrobras (casos que ficarão no estado) e colaborar com quem assumir a investigação em São Paulo, repassando informações – como já havia sido feito anteriormente com a Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília. O envolvimento de outras estatais ou órgãos públicos que apareçam no decorrer dos inquéritos será analisado caso a caso: a intenção inicial da PF é continuar investigando os desvios da Lava Jato.

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