
Centro das denúncias de corrupção que deve m ser apuradas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, a empreiteira Delta conseguiu cerca de 25% do valor de todos os contratos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Paraná em 2011. A empresa ganhou cinco contratos com a superintendência paranaense do órgão, num total de R$ 130 milhões. Em todo o ano passado, o Dnit licitou R$ 487 milhões no estado.
Neste ano, a empreiteira ganhou mais dois contratos com o Dnit no Paraná. Desta vez, os valores são menores: somados, eles representam R$ 9,1 milhões em obras de manutenção. Segundo os órgãos de fiscalização, não há qualquer suspeita de irregularidade referente aos contratos do Denit no Paraná com a Delta, nem no que diz respeito à licitação, nem no que tange à execução.
O Dnit, que é o órgão do Ministério dos Transportes encarregado das obras em rodovias federais, afirma que todos os contratos da Delta foram ganhos por meio de licitação e dentro das regras impostas pela lei. A assessoria de imprensa diz que, até o momento, também não foram encontrados quaisquer indícios de irregularidades nas obras.
A Delta apareceu em meio às investigações sobre a atuação do empresário do ramo dos jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, como possível parte de um esquema de corrupção. Investigações da Polícia Federal mostraram que a Delta teria repassado R$ 39 milhões entre 2010 e 2011 a duas empresas de fachada que seriam controladas por Cachoeira.
Relatórios da PF e do Ministério Público também indicam relações da Delta com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que responde a um processo no Conselho de Ética no Senado por envolvimento suspeito com Cachoeira.
"Sócio oculto"
Demóstenes teria usado o cargo para negociar um contrato de R$ 8 milhões para a prefeitura de Anápolis (GO), em favor da empreiteira. Com base nisso, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, chegou a dizer que o senador seria "sócio oculto" da Delta.
A situação da Delta se complicou ainda mais depois da divulgação nesta semana de declarações do dono da empreiteira, o empresário Fernando Cavendish. Na gravação, feita em dezembro de 2009, Cavendish fala sobre como a oferta de propinas facilitaria a obtenção de contratos com o poder público.
Após a divulgação da gravação, o empresário afirmou que tudo foi um mal-entendido e negou que alguma vez tenha oferecido proprina para conseguir contratos com obras públicas. Na entrevista que concedeu ao jornal Folha de S. Paulo, Cavendish ainda negou que tenha sócios ocultos na empresa.
Empresa deixará reforma do Maracanã
Agência Estado
Em dificuldades para obter financiamento bancário a suas operações, a Delta Construtora suspendeu os aportes para a reforma do Maracanã. Nesta semana, a empresa deixou de repassar mais de R$ 6 milhões R$ 4,1 milhões na segunda-feira e R$ 2 milhões nesta sexta proporcionais à sua participação no consórcio. Esses recursos seriam usados no pagamento a fornecedores e despesas operacionais. Até o dia 1.º de maio, a construtora do empresário Fernando Soares Cavendish deve abandonar o consórcio responsável pela reforma do estádio.
A saída é dada como irreversível. A empresa, responsável por diversas obras civis de porte no estado do Rio de Janeiro, teria situado o Maracanã em último lugar em sua lista de prioridades. Como previu o próprio Cavendish, em entrevista nesta semana, o crédito bancário rareou.
Essa será a primeira baixa contabilizada pela construtora de Cavendish desde que começaram a aparecer denúncias de envolvimento da empresa no financiamento do esquema de corrupção capitaneado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Iniciada em setembro de 2010, a reforma do Maracanã está sendo tocada pelo consórcio formado por Odebrecht Infraestrutura (49%), Andrade Gutierrez (21%) e Delta Construtora (30%). Com prazo de conclusão previsto para fevereiro de 2013, a obra deve atrasar, mas ainda não a ponto de comprometer a utilização do estádio na Copa das Confederações.
O orçamento original de R$ 700 milhões foi elevado, em junho do ano passado, para R$ 931 milhões, quando foi detectado o comprometimento de toda a estrutura de cobertura. Depois de uma ação do Tribunal de Contas da União (TCU), que identificou sobrepreço, o valor baixou para R$ 859 milhões.
O governo do estado, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que só se pronunciará sobre o caso depois da confirmação oficial da saída da Delta do projeto do Maracanã. Procurados, o Consórcio Maracanã e a construtora não se manifestaram sobre o assunto.




