
Brasília - O DEM dissolveu o diretório do Distrito Federal ontem a pedido do próprio comando do partido no DF. Como a Executiva Nacional da legenda caminhava para aprovar pedido de intervenção no diretório, o órgão se antecipou e pediu a autodissolução.
O senador Marco Maciel (DEM-PE) foi nomeado interventor do diretório da legenda no Distrito Federal. Maciel disse que vai trabalhar para reorganizar a sigla depois do episódio do mensalão no Distrito Federal.
A intervenção do diretório ganhou força depois da prisão do governador do DF, José Roberto Arruda acusado de tentar subornar uma testemunha do mensalão do DEM , e da renúncia terça-feira do vice-governador, que estava como interino, Paulo Octávio que comandava o DEM no Distrito Federal. Paulo Octávio também é investigado no escândalo de corrupção no DF. A dissolução foi a resposta que o partido encontrou na tentativa de mostrar que, apesar da crise, agiu para afastar a legenda das acusações.
O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que Marco Maciel foi escolhido interventor por ter "experiência e credibilidade" para colaborar com o partido no DF. "O partido passou pela crise e respondeu de forma adequada. Ninguém pode achar que não vai enfrentar problemas, mas respondemos bem diferente de outros partidos", disse.
Intervenção
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), admitiu ontem que a saída de Paulo Octávio reforça a tese de intervenção federal, defendida pela Procuradoria-Geral da República. Segundo o ministro, não seria "normal" o vice-governador renunciar. "(A renúncia) não revela um quadro de normalidade, e a intervenção se baseia justamente na discrepância dos fatos e tendo em conta o funcionamento das instituições. Não é normal o vice renunciar", afirmou.
Marco Aurélio disse que a intervenção é uma medida séria e que por isso fica a cargo do presidente do Supremo, Gilmar Mendes, apresentar um parecer.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo publicada ontem, o Palácio do Planalto e o STF já começaram a articular a intervenção no Distrito Federal. Com a renúncia de Paulo Octávio e a prisão de Arruda, o governo do DF fica nas mãos do presidente da Câmara, Wilson Lima (PR) que substituiu o Leonardo Prudente, que também saiu do cargo por suspeita de envolvimento no suposto esquema de corrupção local.
Wilson Lima poderá deixar o cargo em abril como forma de se desincompatibilizar para disputar nas eleições de outubro um novo mandato para a Câmara Distrital.
O STF deve analisar em março o pedido de intervenção federal. Se o pedido for aceito, é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem escolhe o interventor, ou seja, aquele que vai assumir o mandato interinamente.
É também o presidente quem define quanto tempo esse interventor fica no cargo. Entretanto, qualquer decisão tem de ser votada pelo Congresso Nacional.
Investigação
O corregedor da Câmara Legislativa do DF, deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), apresentou ontem seu parecer pedindo a abertura de investigação na Comissão de Ética contra oito deputados suspeitos de participação no esquema de arrecadação e pagamento de propina que envolve José Roberto Arruda.
Os processos seguem para a análise da Comissão de Ética, que terá que votar pela abertura dos processos por quebra de decoro parlamentar. A comissão é formada por cinco deputados e atualmente está sem dois integrantes.




