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Crise das chuvas

DEM entra com representação no MP contra Bezerra

Senador diz que ministro da Integração Nacional pode ter contribuído para mortes em áreas atingidas pelas chuvas que não receberam verbas

Demóstenes Torres é suspeito de ter ligações com o esquema de jogos ilícitos comandado pelo empresário Carlinhos Cachoeira. | José Cruz/ABr
Demóstenes Torres é suspeito de ter ligações com o esquema de jogos ilícitos comandado pelo empresário Carlinhos Cachoeira. (Foto: José Cruz/ABr)

O líder do DEM, senador Demóste­­nes Torres (GO), entrará amanhã com uma representação na Pro­­cura­­doria-Geral da República, pedindo ao Ministério Público que investigue três denúncias contra o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra. Demóstenes entende que o ministro cometeu improbidade administrativa ao se valer do cargo para fins eleitorais. Durante 2011, o ministério co­­man­­dado por Bezerra, de acordo com a ONG Contas Abertas, especializada em acompanhamento de gastos públicos, destinou 90% das verbas de prevenção a catástrofes naturais para seu estado, Per­­nambuco. "A forma como ele tem agido com certeza resultou em mor­­tes que poderiam ser evitadas", alega.

O senador afirma que o governo, de olho nos votos do PSB, tem procurado blindar o ministro para mantê-lo no cargo. Mas diz que, na área jurídica, não há como preservar Fernando Bezerra das acusações. "O governo pode blindá-lo politicamente. Juridicamente, no entanto, ele tem de prestar contas. Não é mais um problema de governo", afirma. "Estamos diante de uma questão humanitária", opina. O senador afirma que o ministro pode ter contribuído para a morte de pessoas dos locais que não foram atendidos pelas verbas de prevenção do governo federal.

O senador quer que o Ministério Público apure também a denúncia de que o ministro descumpriu a decisão do Supremo Tribu­­nal Federal (STF) proibindo o nepotismo e o decreto presidencial 7.203, de 2010, que reitera a proibição, ao manter no último ano seu irmão Clementino Coelho co­­mo presidente interino da Com­­panhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). "Ele feriu o princípio da impessoalidade", afirma.

Privilégio

A representação também pede providência pelo suposto desrespeito à medida provisória, convertida em lei, que prioriza as áreas que mais sofreram com as enchentes no ano passado – Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina – pa­­ra privilegiar seu estado, Per­­nam­­buco.

Outra denúncia destacada pelo senador é a de que o ministro favoreceu seu filho, deputado Fernan­­do Bezerra Filho (PSB-PE), na distribuição de recursos para emendas parlamentares. Reportagem do jornal Folha de S. Paulo mostrou que o deputado, que apresentou R$ 9,1 milhões em emenas ao orçamento da Integração Nacional, foi o único parlamentar do país a ser integralmente atendido pela pasta. Demóstenes informa que o DEM vai comparar o dinheiro liberado para as emendas do filho do ministro com as de outros parlamentares da base aliada.

Comissão representativa

O presidente do Senado, José Sar­­ney (PMDB-AP), volta do Maranhão para Brasília nesta semana. Por enquanto, de acordo com os assessores, não há definição por parte de Sarney sobre o pedido do PPS pa­­ra convocar a Comissão Repre­sentativa para ouvir o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra.

Na última quarta-feira, o PPS protocolou requerimento para que o ministro forneça explicações sobre a distribuição de recursos da pasta para a prevenção de enchentes. Para que o pedido seja aceito, é necessário convocar a Comissão Representativa do Congresso – também comandada por Sarney – para discutir o assunto.

Durante o recesso, de 23 de de­­zembro a 1.º de fevereiro, a comissão fica de plantão. Os parlamentares que a compõem foram indicados pelas lideranças partidárias. As reuniões são convocadas pelo presidente. A comissão se reúne com a presença mínima de três se­­nadores e seis deputados para deliberar.

Interatividade

O ministro Fernando Bezerra tem condições de permanecer no cargo?

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