
As novas denúncias de irregularidades na Câmara de Curitiba influenciarão a escolha da maioria dos eleitores curitibanos que tomaram conhecimento dos fatos denunciados pela série de reportagens "Negócio Fechado", da Gazeta do Povo e RPC TV. Segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas, 81% dos eleitores que estão a par das suspeitas vão levar isso em consideração na hora do voto neste ano.
A pesquisa também mostra que 65% dos curitibanos tomaram conhecimento das novas denúncias envolvendo os contratos de publicidade do Legislativo municipal. O levantamento foi realizado entre os dias 26 e 29 de abril, com 450 moradores de Curitiba e maiores de 16 anos. A margem de erro é de 4,5%, para mais ou para menos.
O cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ricardo Costa de Oliveira avalia que o impacto eleitoral das denúncias envolvendo a Câmara deve ser maior do que o causado na eleição para a Assembleia Legislativa pela série "Diários Secretos". Feita pela Gazeta do Povo em parceria com a RPC TV em 2010, a série revelou o desvio de dinheiro público no Legislativo estadual.
"As denúncias do poder local sempre têm mais impacto, uma vez que há uma proximidade maior entre os eleitores e os candidatos", afirma Oliveira. Ele explica que por o eleitorado ser mais restrito, os candidatos que estão envolvidos nas denúncias não podem buscar outras bases onde o conhecimento dos fatos seja menor. A tendência, segundo o cientista político, é que haja também uma grande renovação dos quadros.
A influência das denúncias na eleição majoritária divide opiniões. Para Oliveira, as suspeitas de irregularidades na Câmara podem prejudicar a campanha à reeleição do prefeito Lunciano Ducci (PSB). Isso porque a maioria dos envolvidos faz parte da base de apoio de Ducci na Câmara, o que pode ser usado como arma eleitoral pelos adversários do prefeito.
Por outro lado, o diretor do Paraná Pesquisa, Murilo Hidalgo, considera que o assunto não entrará na agenda dos candidatos à prefeitura porque as denúncias envolvem vereadores de vários partidos. Desse modo, todos teriam um pouco a perder ao tocar no assunto.
As denúncias
A série "Negócio Fechado" mostrou irregularidades envolvendo os contratos de publicidade da Câmara. Funcionários e ex-funcionários do gabiente dos vereadores Algaci Tulio (PMDB), João Cláudio Derosso (PSDB), Emerson Prado (PSDB), Roberto Hinça (PSD) e do atual presidente da Casa, João Luiz Cordeiro (PSDB), se beneficiaram de verbas para a divulgação da Casa. Além disso, o jornal Folha do Boqueirão, que era presidido pelo presidente do Conselho de Ética da Casa, Francisco Garcez (PSDB), também recebeu dinheiro da Câmara.
Conselho de Ética discute saída de Garcez
O Conselho de Ética da Câmara de Curitiba deve se reunir na tarde de hoje para discutir a situação do seu atual presidente, o vereador Francisco Garcez (PSDB). O tucano deixou a presidência do Conselho à disposição dos outros componentes após seu nome aparecer em meio a denúncias da série de reportagens "Negócio Fechado". Segundo Garcez, os outros quatro vereadores que compõem o conselho os vereadores Jorge Yamawaki (PSDB), Noêmia Rocha (PMDB), Dirceu Moreira (PSC) e Pastor Valdemir Soares (PRB) devem decidir se ele fica ou não no cargo.
Reportagem da Gazeta do Povo e da RPC TV mostrou que o jornal Folha do Boqueirão, dirigido por Garcez oficialmente até setembro de 2011, recebeu pelo menos R$ 31,5 mil em verbas de publicidade da Câmara desde a posse do vereador, em 2009. Garcez argumenta que se licenciou da direção do jornal assim que assumiu o mandato na Câmara. No entanto, o desligamento do vereador da direção do jornal só foi oficializado em setembro de 2011. De acordo com ele, isso ocorreu por causa de um "erro técnico".




