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O irmão de Suzane, Andreas, afirmou que sente receio da aproximação da irmã. Em depoimento que durou cerca de três horas, ele disse que Suzane nunca lhe fez uma ameaça formal. Mas contou que ficou bastante assustado ao ver nesta manhã, no Fórum, fotos da irmã com a avó na casa em que ele passou a morar depois do crime. Suzane estava em liberdade provisória na época.

- Não sabia que ela tinha acesso à casa onde eu moro - afirmou.

Ele disse que não chegou a fazer um boletim de ocorrência contra a irmã.

- Mas tive vontade. Quando eu estava aprendendo a dirigir, ela passou em frente da minha casa de carro, quando estava em liberdade provisória, com o advogado Denivaldo Barni. Depois vi ela rondando, umas três vezes. Dizem que ela é psicopata, eu não sei. Mas de uma pessoa assim, a gente pode esperar qualquer coisa. Eu tinha receio dela, da população. Eu não queria ela ali - disse.

O depoimento de Andreas foi considerado pela defesa de Suzane muito ruim para ela. Além de revelar o medo que sentia da irmã, Andreas não quis que ela ficasse no plenário enquanto ele falava. O rapaz afirmou aos jurados que não consegue mais olhar na cara da irmã 'depois de tudo o que ela fez'. Foi a primeira vez que ele falou desde o início.

Ele contou que logo no começo, quando soube que Suzane tinha confessado a participação na morte dos pais, ele manteve relacionamento com ela e a visitava na prisão. Nestas visitas, lembrou, ela chorava muito e pedia para ser perdoada.

Mas Andreas afirmou que, com o tempo, a 'ficha foi caindo' e ele foi tendo consciência de que Suzane tinha culpa e, por isso, decidiu cortar o relacionamento.

Ele contou que a irmão o forçou a escrever um bilhete, enquanto estava presa, dizendo que a perdoava e não queria sua exclusão da herança. Suzane fez chantagem sentimental, dizendo que se fosse excluída da herança apodreceria na cadeia, já que não teria dinheiro para pagar os advogados.

Na última parte do depoimento, Andreas desmentiu mais um argumento da tese da defesa de Suzane, segundo o qual Daniel a teria obrigado a cometer o crime porque era possuído pelo 'espírito do negão', que lhe fazia cobranças.

Segundo Andreas, ele nunca ouviu falar dessa história, tornada pública pelo advogado Mauro Nacif. Segundo Suzane contou em seu depoimento, ela e o irmão estavam num carro e seguiam Daniel. De repente, ele bateu o carro num poste e justificou a batida dizendo que foi o 'espírito'. Andreas, negou esta versão. Ele disse que uma vez estava no carro com a irmã e Daniel, e este bateu o carro da irmão contra uma guia. A batida atingiu apenas as rodas, e Suzane ficou nervosa porque o carro era dela.

Sobre a vida sexual da irmã, Andreas falou que ela não comentava muito. Ele confirmou que Suzane teve um namorado, colega de colégio, quando tinha uns 14 anos, mas o relacionamento durou semanas. Depois disso ela namorou um lutador de caratê, por pouco tempo, e depois conheceu Daniel.

Segundo Andreas, ele nunca comentou com quem perdeu a virgindade ou que tipo de método anticoncepcional usava. Segundo Suzane, Daniel a obrigava a tomar injeções anticoncepcionais.

Segundo Andreas, as declarações sobre os abusos sexuais atribuídos ao pai, foram 'humilhantes e degradantes'. Ele afirmou ainda que nunca ouviu a irmã se queixar disso. Ele negou, como disse Daniel em seu depoimento, que dormisse algumas vezes no quarto da irmã para evitar as 'visitas' do pai.

Ele disse que o pai Manfred era muito mais digno que 'muita gente aqui presente', afirmou

Andreas se recusou responder as perguntas feitas pelo advogado Mauro Nacif. Mas diante do pedido do juiz para que reconsiderasse, o rapaz respondeu a algumas questões, mas sempre com ironia.

Nacif, perguntou a ele para dizer quem contou onde estava escondida a arma que foi dada a ele por Daniel. O rapaz respondeu:

- Foi um passarinho verde.

O advogado Mauro Nacif, disse que o fato de Andreas ter dito que não confiava na irmã, durante seu depoimento, foi ruim. Mas Nacif afirmou que o rapaz tem o direito de ter esse sentimento em relação a Suzane. Ele disse que as palavras de Andreas contra a irmã atrapalham em '8%' a defesa, mas ele vai contornar, já que o que importa é o 'somatório' dos depoimentos.

- Eu confesso que foi ruim. Mas eu vou explicar para os jurados, com muita habilidade, que ele tem o direito de ter esse sentimento em relação à irmã. Mas a minha tese de coação moral irresistível é muito técnica. Ela pode ser aplicada juridicamente, mas não aplicada ao coração. Então ele tem razão de estar magoado com a irmã, maltratá-lá como fez hoje, afirmar que disseram a ele que ela é uma psicopata, e que ele não sabe se acredita. Mas eu vou tentar explicar aos jurados que é uma reação normal. Foi uma tragédia para ele - afirmou Nacif.

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