
O depoimento prestado nesta terça-feira (31) pelo contador Hederson Bueno pode ampliar as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na Operação Publicano. Bueno, que, pela colaboração, teve a prisão preventiva suspensa, falou aos promotores por mais de quatro horas sobre a suposta organização criminosa formada por auditores fiscais da Receita Estadual, empresários e contadores para sonegar impostos em troca do pagamento de propina. Até esta terça, 28 pessoas foram indiciadas nesse inquérito, mas, de acordo com o coordenador do Gaeco em Londrina, Cláudio Esteves, esse número pode crescer.
Bueno é irmão de Marco Antônio Bueno e ex-cunhado de Luiz Antônio de Souza, ambos auditores fiscais presos sob a suspeita de participarem da organização criminosa. Segundo o Gaeco, ele admitiu ter aberto a empresa Tarfil, cuja função no esquema seria fornecer notas fiscais falsas para simular transações comerciais. Depois do depoimento, o advogado Italby Moraes afirmou que a única participação do cliente foi criar a empresa. “Ele somente abriu a empresa, depois os donos a levaram para outro escritório de contabilidade.”
Moraes negou que Hederson tenha participado de irregularidades e afirmou que a Tarfil realmente funciona. O Gaeco, porém, tem um entendimento diferente: “a Tarfil emite notas, não funciona”, resumiu Cláudio Esteves.
Esquema
De acordo com o Gaeco, o suposto esquema de corrupção, considerado sofisticado, tinha diversas formas de levantar dinheiro. Uma delas, para a qual a Tarfil era usada, consistia na emissão e venda de notas fiscais frias. Simulava-se por meio desses documentos situações envolvendo a compensação de Impostos Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), fazendo com que uma empresa, sem pagar qualquer imposto, tivesse o direito a ressarcimento em dinheiro.



