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Deputada Raquel Muniz é um dos alvos de operação policial. | Edilson Rodrigues/Agência Senado
Deputada Raquel Muniz é um dos alvos de operação policial.| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A Polícia Federal faz, nesta sexta-feira (8), busca e apreensão em 11 endereços de empresas e pessoas acusadas de cometer fraudes tributárias e previdenciárias para desviar dinheiro de entidades assistenciais. Entre os investigados está a deputada Raquel Muniz (PSD-MG), que teve o marido preso um dia depois de fazer um inflamado discurso contra a corrupção na votação da admissibilidade do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara Federal. A deputada é investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

“Os recursos desviados eram usados em benefício econômico e político de uma parlamentar federal, de um prefeito de uma cidade do norte de Minas Gerais e de pessoas ligadas a eles, incluindo familiares”, diz nota da Polícia Federal sobre a chamada Operação Véu Protetor. O texto não menciona o nome da parlamentar. Mas, segundo uma fonte que acompanha o caso de perto, um dos alvos centrais da investigação é deputada Raquel Muniz.

Deputada do baixo clero, Raquel Muniz ficou conhecida depois de pregar contra a corrupção pouco antes de votar a favor do acolhimento do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma em 17 de abril no plenário na Câmara. Com uma bandeira do Brasil na mão, Raquel disse que o Brasil, apesar de toda propalada corrupção, teria uma saída. Prova disso era a administração do marido na prefeitura de Montes Claros Ruy Muniz. Por isso, ela votaria “sim, sim, sim” pelo impedimento da ex-presidente.

No dia seguinte, o prefeito foi preso pela Polícia Federal sob a acusação de prejudicar hospitais da rede pública para favorecer clínicas da rede privada em Montes Claros. Na operação de hoje, a Polícia Federal fez buscas em Brasília, Belo Horizonte, Montes Claros, Lavras, Contagem e Lages, Santa Catarina. As buscas foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

As investigações tiveram início no setor de inteligência da Receita Federal há dois anos. Pelas informações da polícia, políticos envolvidos na organização atuavam como administradores em 133 instituições destinadas a prestação de serviços de saúde e educação em todo o país. A partir daí, os administradores usavam títulos de entidades beneficentes e sem fins lucrativos para cometer fraudes e, com isso, não pagar impostos e nem recolher contribuição previdenciária.

Histórico

Ruy Muniz é candidato à reeleição em Montes Claros. Segundo a Federal, os recursos desviados eram usados em benefício econômico e político da parlamentar federal, do prefeito da cidade do norte de Minas Gerais e de pessoas ligadas a eles, incluindo familiares.

De acordo com as investigações iniciadas pelo setor de inteligência fiscal da Receita Federal do Brasil há mais de dois anos, os políticos envolvidos seriam administradores de 133 instituições que têm por finalidade a prestação de serviços nas áreas de educação e saúde, em todo o território nacional. Essas instituições – que seriam mantidas por uma entidade beneficente, em uma “associação sem fins lucrativos” – teriam deixado de recolher mais de R$ 200 milhões em tributos, além de outros R$ 100 milhões que já estão devidamente lançados e inscritos em dívida ativa.

As empresas incorporadas por familiares investigados seriam utilizadas para blindagem patrimonial da entidade beneficente. No esquema, essas empresas transferiam parte de seus empregados para a instituição, que é isenta de tributos federais, permanecendo, entretanto, com o cadastro ativo no CNPJ e movimentando recursos em suas contas bancárias. Há ainda indícios de que os bens imóveis não foram regularmente transferidos para a entidade beneficente, já que essa enfrenta diversos processos de execução.

A assessoria de imprensa de Raquel Muniz informou que ela se pronunciará no final da tarde desta sexta-feira.

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