Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Governo estadual

Deputados não se animam com PEC da Transparência

Requião encaminhou à Assembleia pedido de urgência para votar projeto que prevê publicação de gastos de todos os poderes

Justus, presidente da Assembleia, disse que proposta de divulgação de gastos de Requião era “esdrúxula” | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Justus, presidente da Assembleia, disse que proposta de divulgação de gastos de Requião era “esdrúxula” (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Se depender dos deputados estaduais, inclusive os da base aliada do governador Roberto Requião (PMDB), a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que determina a publicação mensal, na internet, das despesas dos três poderes vai continuar engavetada. Parada na Casa desde abril de 2008, o governador decidiu ressuscitar o tema e pediu nesta semana urgência na votação do projeto, mas não há disposição dos parlamentares em discutir a chamada "PEC da Transparência".

A proposta foi enviada por Requião há mais de uma ano e obriga o Executivo, Legislativo e Judiciário, inclusive Tribunal de Contas e Ministério Público, a tornar pública a prestação de contas de forma detalhada, até com os salários de todos os servidores, vantagens fixas e variáveis, subsídios e gratificações.

A mesma PEC obriga também a divulgação das verbas de representação e de gabinete dos deputados estaduais.

O argumento do governo continua sendo o de que qualquer cidadão deve saber como o dinheiro público é gasto, seja no pagamento de fornecedores ou no salário de um diretor de secretaria.

A proposta, no entanto, não foi bem recebida pela Assembleia. Na época em que foi enviada aos parlamentares, o presidente da Casa, Nelson Justus (DEM), chegou a classificar a PEC de "esdrúxula", com vícios de inconstitucionalidade e de configurar uma "interferência indevida" do Executivo em outros poderes.

O próprio líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), afirmou na ocasião que a emenda teria "vida longa" na Assembleia. A PEC acabou não sendo votada com a justificativa dos deputados de que seria criado o Portal da Transparência do Legislativo.

Embora o governador esteja pressionando os deputados a votar o projeto, não há empolgação para retomar o assunto. Nelson Justus está viajando no exterior e não foi localizado pela Gazeta do Povo para falar da tramitação. O primeiro-secretário da Assembleia, Alexandre Curi (PMDB), um dos mais próximos a Requião, diz que não há necessidade de votar a PEC porque a Assembleia vai colocar no ar no próximo mês o Portal da Transparência, com a prestação de contas da verba de indenização mensal dos deputados e despesas administrativas. "Nós já fizemos a nossa parte", disse Curi.

Outro argumento para os deputados não avançarem na discussão da PEC é a dúvida sobre a legalidade do texto. Para Romanelli, é preciso ter clareza se a mensagem é constitucional ou não, porque estabelece obrigações aos três Poderes. "Muitas questões da PEC podem ter vício de iniciativa, ou seja, o governo não pode legislar sobre outros poderes, como o Ministério Público, que é um órgão de natureza especial", explicou o líder do governo.

Só depois de uma análise detalhada na Comissão de Constituição e Justiça, segundo Romanelli, os deputados vão decidir se a emenda será levada a plenário ou arquivada.

Decisão

Prevendo que os deputados iriam levantar novamente dúvidas sobre a legalidade da PEC, principalmente no que se refere à divulgação dos salários dos servidores dos poderes, o governador encaminhou junto com o pedido de urgência na votação uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspende as liminares que impediam a publicidade dos salários dos servidores municipais de São Paulo. Isto é, no momento, o STF não considera inconstitucional essa divulgação.

Para o líder da oposição, Elio Rusch (DEM), o governador só está querendo "aparecer" cobrando a votação da PEC. "Aliás, ele tem feito isso com frequência ao copiar projetos dos deputados como a licença maternidade de 180 dias, a lei antifumo e a PEC do emprego", disse. "Em vez de se preocupar com a administração do estado, ele joga para a torcida, é de praxe dele", emendou Rusch.

Como os deputados estão em recesso parlamentar, só vão decidir quando colocam a proposta em discussão em 3 de agosto, no retorno dos trabalhos.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.