
O vereador João Cláudio Derosso, que dirigiu a Câmara Municipal de Curitiba por 14 anos, negou nesta quinta-feira (5) que tenha deixado ou que pretenda deixar o PSDB, apesar de ter entregue, no dia 7 de maio, uma carta de desfiliação ao partido, escrita de próprio punho. O pedido, apresentado ao presidente estadual da legenda, o deputado Valdir Rossoni, teria sido feito para evitar a expulsão dele, diante das "enormes discriminações sofridas" dentro da legenda, por conta das denúncias de irregularidades nos contratos de publicidade do Legislativo municipal.
Essa argumentação de Derosso faz parte da defesa dele no processo de infidelidade partidária a que responde no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), aberto por Maria Goretti Lopes, suplente do partido.
A defesa do ex-presidente da Câmara, feita pelo escritório de advocacia Figueiredo Bastos, argumenta que, oficialmente, Derosso está filiado ao PSDB, e apresenta como prova disso uma certidão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o texto, a desfiliação só poderia ser concretizada se o vereador ou o partido informassem o juiz eleitoral da saída dele da legenda, o que não teria acontecido.
"(...) Não há necessidade de se fazer maiores ilações acerca das graves discriminações sofridas pelo réu dentro do PSDB. Ora, mesmo sem o réu ter sofrido qualquer condenação, ou seja, apenas com base em acusações infundadas, o partido pretendia "livrar-se" do réu diante da proximidade das eleições municipais. Portanto, o réu suportando as enormes discriminações sofridas e verificando que poderia ser expulso do PSDB, (...) houve por bem entregar carta pedindo seu desligamento do partido", diz a defesa de Derosso.
Em carta dirigida à Rossoni, registrada às 10h30 desta quarta-feira (4), Derosso afirma que "(...) não tem qualquer interesse em deixar o partido, não gerando, portanto, qualquer efeito jurídico o pedido de desfiliação em razão desta retração ora realizada."
Em entrevista por telefone, o vereador diz que o PSDB tratou de sua expulsão de forma "sumária" e não deu espaço para ele apresentar defesa. "Não houve abertura para que eu pudesse me defender. Simplesmente foi feito um pedido de expulsão sumária, não teve contra-argumentação. Tentamos até o último momento fazer com o partido me ouvisse, e o partido nunca deu essa abertura."
Ele reiterou a vontade de permanecer no PSDB. "Já que não vou concorrer [às eleições deste ano], vou permanecer [no partido]. Sou um dos cofundadores do partido na reforma [realizada entre 2001 e 2002]. Não tínhamos dez pessoas na reunião [de reorganização do partido], e conseguimos eleger quatro vereadores. Na eleição seguinte, fizemos 13 vereadores. Isso prova que, quando fui presidente, tivemos o partido com uma organização muito boa."
Questionado sobre o motivo de continuar na legenda, Derosso disse que ainda quer ajudar. "[Pretendo] apenas colaborar como o PSDB na sua formatação."
Liminar
No documento apresentado à Justiça Eleitoral, Derosso pede ainda agilidade do juiz Luciano Carrasco na análise da defesa dele, uma vez que a posse da suplente do partido está marcada para o próximo sábado (leia mais no box acima). Até as 11h30 horas desta quinta-feira (5), o pedido de derrubada da liminar ainda não havia sido julgado pelo juiz Carrasco.



