
A sete meses da eleição, o cerco ao presidente licenciado da Câmara Municipal de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), está se fechando. O movimento pela sua destituição que antes se restringia à oposição e outros poucos vereadores ganhou força nesta semana, chegando a causar divergências no PSDB.
O líder do partido na Casa, vereador Emerson Prado, recomendou aos colegas do partido que fossem favoráveis à saída do presidente licenciado do cargo. Contudo, a legenda ficou dividida. Sete dos 13 integrantes da bancada tucana na Câmara assinaram a representação para destituir Derosso da presidência da Casa atualmente, ele está licenciado do cargo. Ao todo, a oposição conseguiu 27 assinaturas para iniciar o processo de destituição.
O presidente da comissão provisória do diretório municipal de Curitiba do PSDB, Fernando Ghignone, afirma que haverá uma reunião na segunda-feira para alinhar o discurso da legenda. Diretórios estadual e municipal têm opiniões distintas.
Segundo Ghignone, Prado decidiu sozinho por orientar a bancada a apoiar o afastamento de Derosso: "Diria que foi pessoal [a decisão de Prado]". Ghignone ainda revela que não se descarta a retirada das assinaturas dos tucanos. Isso não impediria, porém, a abertura do processo de destituição. Isso porque, mesmo retirado o apoio dos vereadores do PSDB, restariam as 20 assinaturas necessárias para protocolar a representação pedindo a saída do tucano. "Vamos debater para chegar a uma conclusão."
Embora não tenha consultado Ghignone, Emerson Prado afirma que entrou em contato com a direção estadual antes de passar qualquer orientação à bancada. "O diretório estadual vem há tempos nesta linha. Chegamos a um ponto em que a pressão é insuportável nesta Casa", explica. "Os sete que assinaram a representação não vão voltar atrás. Ou o Derosso renuncia, ou será cassado", sentencia Prado.
O presidente do diretório estadual do PSDB, o deputado Valdir Rossoni, confirma ter sido consultado por Prado e dado a recomendação de que o partido se posicionasse contrário a Derosso. "O PSDB não pode pagar por eventuais erros de pessoas que compõem o partido. Existe uma linha ética a ser seguida."
Embora se diga contrário à permanência do presidente licenciado no cargo, Rossoni afirma que a executiva municipal tem autonomia para deliberar em sentido contrário. "O diretório estadual só entra na discussão se houver extrema necessidade."
Cobrança
Nos bastidores da Câmara, os vereadores alegam que a presença de Derosso no comando da Casa gera cobranças em suas bases eleitorais. Isso vale para membros do PSDB e também para os partidos da oposição.
De certa maneira, o maior temor é de que a permanência do presidente licenciado no cargo possa influenciar no momento do voto, mesmo para quem se posicionou de forma contrária a Derosso. Baseada nessa percepção, boa parte dos vereadores desistiu de conceder apoio incondicional a Derosso como o demonstrado no início das investigações sobre os contratos de publicidade da Casa suspeitos de irregularidade.
Os presidentes dos diretórios municipal e estadual do PSDB, porém, demonstram não acreditar nessa relação. "A reeleição dos vereadores está ligada a suas ações com a comunidade. Eles serão julgados pela atuação em seu mandato, não pela forma como se posicionaram nesse caso", afirma Ghignone. Para Rossoni, o maior desgaste ainda é de Derosso. "É automático que o partido sofra, mas o mesmo PSDB está fazendo uma transformação na Assembleia Legislativa, que também está sob o seu comando."




