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Defesa

Despesas militares do Brasil no exterior serão investigadas pelo TCU

“Existe necessidade de maior investigação (sobre os gastos militares no exterior). Na parte de pessoal, aparentemente, não há problemas. Mas vamos analisar o provimento de fundos.”Marinus Marsico, procurador do MP junto ao TCU. | Antônio Cruz/ABr
“Existe necessidade de maior investigação (sobre os gastos militares no exterior). Na parte de pessoal, aparentemente, não há problemas. Mas vamos analisar o provimento de fundos.”Marinus Marsico, procurador do MP junto ao TCU. (Foto: Antônio Cruz/ABr)

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) começou a investigar, na semana passada, as contas da rede diplomática militar brasileira no exterior. O objetivo é fazer uma pré-auditagem em notas fiscais da prestação de contas de adidos militares. Os escritórios consomem cerca de US$ 15 milhões (R$ 34,5 milhões) com pessoal e custeio por ano. O valor nunca havia sido divulgado. Metade da despesa destinada a cobrir os gastos desses postos nunca foi fiscalizada fora do âmbito do próprio Ministério da Defesa.

A manutenção dos 63 adidos militares brasileiros pelo mundo é o gasto mais modesto das Forças Armadas no exterior. Exército, Marinha e Aeronáutica também mantêm cinco escritórios nos Estados Unidos e Europa. São chamados de "comissões de compras". Só o custo operacional das comissões da FAB chega a US$ 12 milhões (R$ 27,6 milhões) anuais. O Exército avisou que não informa sua despesa. A Marinha nem enviou resposta.

Essas representações, criadas durante a 2ª Guerra Mundial para compra de armamentos, são mantidas até hoje com a justificativa de obter preços mais baixos para equipamentos, peças e materiais.

"Existe necessidade de maior investigação. Na parte de pessoal, aparentemente, não há problemas. Mas vamos analisar o provimento de fundos e solicitar notas fiscais, por amostragem, dos lugares onde o gasto é maior", diz procurador Marinus Marsico, do TCU. "O tribunal nunca se debruçou sobre o assunto mas, se houver alguma irregularidade na pré-auditagem, vamos solicitar uma investigação mais abrangente pelo TCU."

Há cerca de um mês, a reportagem tenta obter detalhamento sobre o custo operacional dos escritórios no exterior, que é mantido sob sigilo pelos militares, apesar de ser uma despesa pública de natureza administrativa. O Ministério da Defesa divulgou algumas informações. No caso das aditâncias de Exército, Marinha e Aeronáutica e da própria Defesa, a despesa operacional informada é de US$ 7,5 milhões (R$ 17,2 milhões) por ano – esse gasto não é rastreável no sistema de acompanhamento de gastos do governo (Siafi). Outros US$ 7,5 milhões anuais são gastos com o salário dos adidos – em média, de US$ 10 mil por mês. Não foi contabilizada a remuneração dos adjuntos dos adidos, também militares enviados do Brasil.

Já no caso das comissões de compras, apenas a FAB forneceu seu custo operacional. A representação em Washington, nos Estados Unidos, gastou US$ 9,98 milhões (R$ 23 milhões) em 2004 – não há dado mais recente. O escritório em Londres, na Inglaterra, gastou US$ 2,2 milhões (R$ 5 milhões) em 2008.

O Exército tem uma comissão de compras internacionais em Washington, e a Marinha tem representações em Washington e Londres. Não há explicação sobre a necessidade de diversas estruturas militares paralelas e autônomas, para executar uma tarefa que depende cada dia menos da presença física de procuradores. A checagem, a aprovação e o recebimento de produtos complexos, como aviões, é feita por comissões técnicas enviadas do Brasil.

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