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Alberto Youssef é escoltado na sede da Polícia Federal | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Alberto Youssef é escoltado na sede da Polícia Federal| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Outro lado

PT nega acusações e fala em entrar na Justiça contra as "mentiras"

A Gazeta do Povo não conseguiu entrar em contato com as empresas citadas na matéria até o fechamento desta edição. Em ocasiões anteriores, as empreiteiras negam irregularidades e afirmam que estão colaborando com as investigações.

Em nota, o PT afirmou que o "partido recebe apenas doações legais e que são declaradas à Justiça Eleitoral". Ainda segundo o partido, as alegações de propina divulgadas esta semana "têm como principal característica a tentativa de envolver o partido em acusações, mas não apresentam provas nem sequer indícios de irregularidades e, portanto, não merecem crédito".

O texto termina dizendo que "os acusadores serão obrigados a responder na Justiça pelas mentiras proferidas contra o PT".

Também em nota, a defesa de João Vaccari Neto voltou a negar irregularidades e disse que "somente recebe contribuições legais ao partido, em absoluta conformidade com a Lei, sempre prestando as respectivas contas às autoridades competentes."

A Petrobras foi procurada pela reportagem para comentar o assunto, mas também não respondeu até o fechamento desta edição.

Buscas

Um dos operadores ainda está foragido

Kelli Kadanus, com Folhapress

Apontado como suposto operador do esquema da Lava Jato na BR Distribuidora e na Diretoria de Serviços da Petrobras, Mário Goes é considerado foragido da Justiça. Ele teve a prisão preventiva decretada na quinta-feira e até ontem não havia sido preso pela Polícia Federal.

Outro operador do esquema, que tem contra si um mandado de condução coercitiva – quando precisa ir até a delegacia para depor –, também não foi localizado pela polícia até ontem.

Os mandados foram expedidos para a deflagração da nona fase da Operação Lava Jato. Durante as diligências, a polícia apreendeu 35 obras de arte, 518 relógios de luxo, cinco veículos, além de documentos e notas fiscais. A PF também apreendeu uma grande quantidade de dinheiro na sede da empresa Arxo, em Santa Catarina, mas até ontem o valor não havia sido divulgado.

  • João Gualberto Pereira Neto (à esq.) se entrega à polícia

Pelo menos R$ 85,9 milhões teriam sido desviados de obras da refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, para pagamento de propina. Metade desse total, ou cerca de R$ 43 milhões, teria servido para engordar os cofres do Partido dos Trabalhadores (PT).

INFOGRÁFICO: Veja os contratos da Repar que aparecem na planilha apreendida com Busco

Os detalhes constam da planilha com cerca de 87 contratos que foram alvo de corrupção que o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco entregou à Justiça quando fechou acordo de delação premiada. O documento, que estava sob sigilo, foi divulgado na quinta-feira.

Os três contratos da Repar que aparecem na planilha foram fechados entre 2009 e 2010, com os consórcios Skanska/Engevix (formado pelas empresas de mesmo nome), Conpar (Odebrecht, UTC e OAS) e Interpar (Setal, Mendes Júnior e MPE). Eles somam, em valores globais, R$ 5 bilhões.

Organizado, o ex-gerente alimentava periodicamente a tabela relacionando os contratos fechados com a estatal, o porcentual que seria desviado, como o dinheiro seria dividido e o nome dos executivos tratados como "contato" nas empresas.

No caso da Repar, os três contratos teriam tido o mesmo tipo de divisão. Do total, 1% dos recursos iria para o ex-diretor da área de Abastecimento, Paulo Roberto Costa – que em seguida dividia o dinheiro entre ele, o doleiro Alberto Youssef e políticos do Partido Progressista (PP), segundo as investigações.

O outro 1% seria dividido entre o PT. Metade iria para João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, e o restante para a "Casa", em uma referência à diretoria de Serviços da Petrobras, comandada por Renato Duque, que foi indicado ao posto pelo PT, e pelo braço-direito Barusco.

O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou indícios de superfaturamento nos três contratos citados da refinaria paranaense. No caso do consórcio Skanska/Engevix, o sobrepreço foi rejeitado após as empresas apresentarem novos comprovantes. Nos outros dois, o processo ainda está em trâmite.

O documento de Barusco mostra contratos fechados entre 2003 e 2011, compreendendo os dois governos do ex-presidente Lula e o primeiro ano de mandato de Dilma Rousseff. Os acordos, no total, representam R$ 47,1 bilhões e US$ 12,92 bilhões.

Além da Repar, são elencadas outras 23 obras da Petrobras. Entram na lista as refinarias de Abreu e Lima, Paulínia (Replan), o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), além de gasodutos, plataformas e construções ligadas à exploração de pré-sal.

Os relatos de Barusco na delação premiada motivaram a última fase da Operação Lava Jato, batizada de "My way", deflagrada na quinta-feira. Ele citou nomes e revelou que o PT teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina pelos contratos relacionados por ele. O dinheiro seria repassado inclusive em doações eleitorais.

Executivo da Arxo se entrega à Polícia Federal

Kelli Kadanus, com Folhapress

O sócio da empresa Arxo, de Santa Catarina, investigada na nona fase da Operação Lava Jato, se entregou à Polícia Federal no fim da tarde de ontem. João Gualberto Pereira Neto chegou à carceragem em Curitiba por volta das 18h30 acompanhado dos advogados. Ele teve a prisão temporária decretada durante a deflagração da operação, na quinta-feira, mas estava em viagem ao exterior. Ele não conversou com a imprensa.

Outros dois executivos da empresa foram presos temporariamente. O sócio-proprietário Gilson João Pereira e o diretor financeiro Sérgio Maçaneiro foram presos também na quinta em Santa Catarina e já estão na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Maçaneiro foi interrogado ontem – não há previsão para o depoimento de Pereira.

Uma ex-funcionária da Arxo disse aos investigadores que um avião da empresa foi usado para buscar empregados da BR Distribuidora no Rio de Janeiro "para passear" e que eles eram levados para "boates e prostíbulos", onde eram discutidos negócios da Arxo e o pagamento de propinas.

A testemunha disse ao Ministério Público que constatou um saque de R$ 7 milhões do caixa da empresa para "pagamentos suspeitos" e que o operador Mário Goes, intermediador das propinas, recebia 5% a 10% dos contratos da Arxo com a BR Distribuidora para pagar propinas. A testemunha afirmou ainda que Goes tinha informações privilegiadas da Petrobras e as repassava à Arxo.

Revanchismo

O advogado dos executivos afirmou que a denúncia feita pela ex-funcionária foi motivada por revanchismo. "É fruto de uma vingança dessa funcionária, que foi pega desviando dinheiro da empresa e foi demitida", disse Leonardo Pereima.

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