
A presidente Dilma Rousseff convocou para a manhã de hoje uma reunião ministerial no Palácio da Alvorada com 14 dos seus 39 ministros para elaborar uma estratégia de inaugurações e propaganda sobre as realizações do seu governo com vistas à sucessão eleitoral. Para o encontro, foram convocados ministros das áreas sociais e de infraestrutura, que deverão apresentar o quadro atual de obras e realizações para que seja feita uma avaliação de onde será possível explorá-las politicamente.
A ideia é mostrar que o governo não está parado, crítica comum disparada pela oposição. Além disso, há um incômodo no Palácio do Planalto com a adesão da ex-ministra Marina Silva à candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB. Interlocutores da presidente avaliam que seu nome é muito competitivo, ainda mais se a disputa for ao segundo turno. Por isso, a estratégia é trabalhar ao máximo para que a eleição seja liquidada já no primeiro turno.
A preocupação eleitoral fica evidenciada no cuidado com que está sendo estudada sua visita às obras de transposição do Rio São Francisco, marcada para a segunda quinzena de novembro. Dilma quer percorrer alguns trechos de pelo menos dois estados: Ceará e Pernambuco, governado por Campos.
Com a visita, Dilma pretende responder às críticas tanto de Eduardo Campos quanto de Aécio Neves, possíveis candidatos à Presidência. O tucano usou seu último programa do partido na tevê para mostrar trechos onde as obras estão paradas. Já Campos tem dito que é possível fazer mais e melhor.
Visitas
A presidente planeja visitar alguns locais para mostrar parte dos 6,5 mil trabalhadores em seus canteiros e mais de 1,8 mil equipamentos em atividade. Em Pernambuco, quer mostrar obras que ela considera adiantada dos projetos e, assim, alfinetar o concorrente, além de aproveitar para estocar Marina, destacando as preocupações que o governo teve com o meio ambiente, durante as obras. As datas e as cidades a serem visitadas estão sendo definidas, mas a presidente já teria dito que quer passar uma noite na região para mostrar sua inteiração com o Nordeste.
Hoje, Dilma vai cobrar o cumprimento de calendários de projetos, de modo que não sofram atrasos e possam ser lançados neste ano e o ano que vem. A presidente não quer, por exemplo, que haja problemas na concessão dos aeroportos de Confins e Galeão e prepara outros anúncios que podem ser feitos.
O governo quer passar a ideia de que Dilma tem muito a mostrar, seja em obras de mobilidade urbana, seja na área de construção de plataformas de petróleo, entre outras. E que o melhor caminho é ela mesma se deslocar para apresentar as realizações.
Em Foz, Lula evita falar de política e exalta o Bolsa Família
Denise Paro, da Sucursal
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a enaltecer o programa Bolsa Família e a criticar quem não acreditou na viabilidade da proposta. "Nós queríamos provar que ao invés de crescer [a renda] para distribuir, era preciso distribuir e crescer juntos. E foi o milagre que nós conseguimos fazer nesse país", disse. Lula fez o discurso de encerramento do II Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico Local, em Foz do Iguaçu.
Lula não quis falar de política com a imprensa, mas deixou claro o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff e à ministra-chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, virtual candidata ao governo do Paraná. "Eu não posso falar em eleição porque eu fui multado quatro vezes. Eu já tenho uma conta alta para pagar de multa, então não quero falar de eleição senão não vou ter dinheiro para ajudar na campanha da Dilma e da Gleisi".
Em um discurso de quase 50 minutos, o ex-presidente enalteceu pontos positivos de seus dois governos, entre 2002 e 2010. Ele defendeu os pobres e disse que, quando eles têm oportunidades, não são problema para nenhum país.
Educação
Lula ressaltou que o governo dele foi o que mais fez universidades na história do país, um total de 17, e atribuiu o atraso brasileiro à demora para que se criasse as primeiras instituições. Segundo ele, em 1550 o Peru já tinha uma universidade e no Brasil, a primeira universidade foi criada em 1920. "Significa que a coroa portuguesa não dava moleza para a educação. É por isso que nós estamos atrasados se comparados a Uruguai, Argentina, ao Chile e a outros países."




