Dilma diz que xingamentos não a atingem

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A presidente Dilma Rousseff respondeu ontem às vaias que ouviu na abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, em São Paulo. Ela evocou lembranças da ditadura e do período em que foi torturada pelo regime militar para retrucar ofensas que partiram das arquibancadas do estádio durante o jogo do Brasil. "Não vou deixar me perturbar por agressões verbais. (...) Aliás, na minha vida pessoal enfrentei situações do mais alto grau de dificuldade. Situações que chegaram ao limite físico. Eu suportei não foram agressões verbais, mas agressões físicas", disse Dilma.

Logo após a cerimônia de abertura da Copa, Dilma foi xingada por cerca de um minuto. "O povo brasileiro não age assim. O povo brasileiro não pensa assim e, sobretudo, o povo brasileiro não sente da forma como esses xingamentos expressam", diz Dilma.

Oposição

Os candidatos de oposição, no entanto, aproveitaram a ocasião para criticar Dilma. O presidenciável do PSB, Eduardo Campos, disse que "se colhe o que se planta". "Talvez possa não ter sido a melhor forma de expressar esse mau humor, essa discordância", afirmou em entrevista.

Aécio Neves, pré-candidato pelo PSDB, disse que a presidente Dilma governa com "mau humor" e "arrogância" e que as vaias e xingamentos que ela recebeu no Itaquerão são resultado dessa postura. "Acho que ela colhe um pouco aquilo que plantou ao longo dos últimos anos", disse o tucano.

Para especialistas, as palavras proferidas pela torcida foram uma demonstração de machismo. A socióloga Ana Liési Thurler afirma que o protesto não teria sido feito dessa maneira, com palavras de baixo calão, caso o presidente fosse um homem. "Temos uma elite despreparada para ver uma presidenta mulher", disse.

Economista dedicada à questão de gênero, Hildete Pereira de Melo diz que o protesto é reflexo de uma sociedade conservadora. "Essa ação está ligada aos valores patriarcais da nossa sociedade. Uma ideia de que para mulher se pode dizer tudo", diz.