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Paulo Roberto Costa: devolução de R$ 70 milhões. | Geraldo Magela/ Agência Senado
Paulo Roberto Costa: devolução de R$ 70 milhões.| Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado

A presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) disse não ter ideia de quem teria indicado o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa para o Ministério das Cidades. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), partido que controla a pasta, disse também desconhecer qualquer tipo de convite. Ontem, a Gazeta do Povo mostrou que Costa teria sido convidado para assumir a pasta em março deste ano, poucos dias antes de ser preso pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato.

A informação consta de uma troca de mensagens entre o doleiro Alberto Youssef e o deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA) de 13 março – mesmo dia em que foi anunciada a substituição de seis ministros, entre eles o das Cidades. A conversa foi interceptada pela PF e estava sob sigilo até o início deste mês. Os diálogos não deixam claro se o convite teria sido feito pela própria presidente ou pelo PP.

"Ele jamais foi ministro do meu governo; no meu governo sou eu que convido", afirmou ontem Dilma. "Ele não só não foi como deixou de ser diretor da Petrobras e nunca foi pessoa de minha confiança." O presidente do PP também negou. "Nunca soube deste convite e acho difícil, para não dizer impossível, que tenha acontecido", disse Ciro Nogueira.

Mensagens

A troca de mensagens entre Youssef e Argôlo ocorreu uma semana antes de Costa ser preso por ocultar provas da Operação Lava Jato – que foi deflagrada em 17 de março. À época, Dilma promovia uma reforma ministerial.

O Ministério das Cidades faz parte da "cota" do PP, partido que indicou Costa para a diretoria que ele ocupou na Petrobras. Além disso, Youssef é apontado como o operador do esquema de desvio de dinheiro da estatal dentro do partido – que também envolveria o PMDB e o PT, segundo as investigações da PF (leia mais abaixo). Antes de entrar no Solidariedade (SD), Argôlo era filiado ao PP. O deputado responde a processo de cassação de mandato pela relação com o doleiro.

O advogado de Paulo Ro­­ber­­to Costa, João Mestieri, afirmou na quinta à Gazeta que "não acha improvável" que o cliente tenha sido convidado a assumir um ministério. "Ele pediu demissão [da Petrobras] e saiu com os elogios que merecia. Se mais tarde alguém o convidou [para ser ministro], ele deve ter dado coerentemente a negativa", disse. Por e-mail, o Ministério das Cidades disse "desconhecer esse assunto".

Em Curitiba, Temer rebate denúncias

Katna Baran

Acompanhando a presidente Dilma Rousseff (PT) ontem em agenda de campanha em Curitiba, o vice-presidente Michel Temer (PMDB, foto) afirmou desconhecer a denúncia de que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria sido chamado para ser ministro. "Nunca soube disso e não tive nenhuma notícia de que ele pudesse ter sido chamado para ser ministro no governo Dilma", afirmou.

Sobre as denúncias de suposto envolvimento do seu partido no esquema de recebimento de propina da estatal, Temer repudiou as suspeitas. Ele negou, inclusive, que Fernando Soares ou Fernando Baiano, como é conhecido, citado nos depoimentos de Costa, seja interlocutor do PMDB. "Eu não o conheço e os membros da Executiva não conhecem esse cidadão."

Sobre os demais membros do partido citados nos depoimentos de Costa e do doleiro Alberto Youssef, o peemedebista defendeu a "apuração rigorosa dos fatos". "Se houver delituosos dentro do PMDB, devem ser punidos." O vice-presidente disse ainda que Dilma tem pensado até em aprimorar os atuais métodos de combate à corrupção diante do escândalo e afirmou que "não há nada a esconder".

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