Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) disse nesta quarta (8) que a presidente Dilma Rousseff fez uma espécie de “renúncia branca” do seu mandato ao transferir a coordenação política do governo federal ao vice-presidente Michel Temer, do PMDB. Aécio afirmou que Dilma está refém dos presidentes da Câmara e do Senado, os peemedebistas Eduardo Cunha (RJ) e Renan Calheiros (AL), do ministro Joaquim Levy (Fazenda) e, agora, também do seu próprio vice. “A grande pergunta que resta é: que papel desempenha hoje a presidente da República? Acredito que praticamente nenhum mais”, disse o tucano.
Tarso critica Temer na articulação e diz que PT virou ‘acessório’ no governo
O ex-governador gaúcho Tarso Genro (PT) criticou nesta quarta-feira (8) a iniciativa da presidente Dilma Rousseff de entregar a articulação política ao vice Michel Temer (PMDB) e afirmou que o PT está “fora das decisões principais” do governo.
Pelo Twitter, Tarso citou como exemplo de distanciamento do partido as medidas adotadas nas áreas econômica e política. Ele afirmou que essa é sua “constatação” a respeito da mudança na equipe de Dilma e que a medida pode provocar consequências negativas. “Outra constatação, para o bem e para o mal: PT é cada vez mais acessório no governo. Não é nem consultado”, escreveu. “Medidas extremas desse tipo, se não derem certo, geram uma crise muito maior do que aquela que a medida tenta resolver.”
Temer vai desempenhar função que anteriormente era responsabilidade de Pepe Vargas, outro petista do Rio Grande do Sul. Tarso havia sido ministro das Relações Institucionais no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2006 e 2007. Também foi presidente nacional do PT após a queda da cúpula do partido no escândalo do mensalão e pregou a “refundação” da legenda.
Há duas semanas, Tarso já havia criticado o governo pela demora em regulamentar o novo indexador das dívidas estaduais. Afirmou na ocasião que isso obriga os Estados a permanecer sob uma “austeridade inviável”. Na semana passada, ele defendeu que a direção do PT afastasse preventivamente o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, que é réu em processo ligado à Operação Lava Jato.
Para Aécio, o ministro da Fazenda é atualmente um “interventor” na economia que “pratica tudo aquilo que ela combateu ao longo de todo o seu primeiro mandato”.
Aécio disse que ainda não decidiu se vai participar das manifestações contrárias ao governo federal, marcadas para domingo (12). A Executiva Nacional do PSDB, que se reuniu nesta quarta, aprovou recomendação para que as lideranças e militantes do partido sejam estimulados a participar dos atos políticos, mas o senador disse que ainda vai “avaliar” sua presença. “Este movimento não é do PSDB. É um movimento dos brasileiros. E quanto mais da sociedade ele for, mas legítimo ele será. Isso não impede que eu resolva ir. Não vou fazer nenhum anúncio prévio, nem tomar nenhuma decisão agora, porque aí sim, daria margem a todo tipo de especulação”, afirmou.
Na reunião da Executiva, a cúpula do PSDB decidiu lançar no dia 5 de maio uma campanha nacional de filiações à sigla, de olho nos manifestantes dos atos políticos contrários ao governo. Aécio disse que há um sentimento de “insatisfação” da população com a presidente Dilma Rousseff, o que aproxima muitos jovens e mulheres do PSDB. “O que temos é que mostrar que essa insatisfação, essa indignação precisa ser canalizada para uma agenda positiva para o país. E isso se faz, em parte, através da atuação dos partidos políticos.”
O PSDB também decidiu que os diretórios municipais e estaduais do partido que não atingiram o desempenho mínimo de 6% dos votos nas eleições de 2012 vão sofrer uma intervenção para que seus comandos sejam substituídos em maio -e não poderão realizar convenções para as eleições municipais.
A ideia da cúpula tucana é que novas lideranças assumam em junho com o objetivo de ampliar a capilaridade eleitoral da sigla. “O que nós queremos é acabar com os cartórios que existem hoje no PSDB. Diretórios que não demonstraram ao longo do tempo qualquer compromisso com o partido”, afirmou Aécio.
Outra decisão foi realizar um seminário para “imersão” de três dias com os deputados e senadores da sigla, comandados por Aécio e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para orientar a postura do partido no Congresso.
O presidente do PSDB também respondeu ao governador Fernando Pimentel (Minas), que esta semana divulgou o resultado de uma auditoria feita em gestões do PSDB no Estado. Pimentel acusou os tucanos de serem os responsáveis pela crise financeira que atinge o Estado. “Acho que é um atestado de fracasso de um governo que não começou. Eu costumo dizer que quem dirige olhando pelo retrovisor, corre o risco de bater, bater forte. E no caso do PT, de ter perda total. Então, eu acho que é uma grande encenação”, atacou o senador.
Aécio governou Minas por duas gestões (2003-2010) e fez o sucessor, o tucano Antonio Anastasia (2011-2014), eleito senador no ano passado. Antes dos ataques, Pimentel e Aécio mantinham uma relação de cordialidade, uma vez que foram aliados até 2011. O PSDB já havia se posicionado contra as declarações do governador de Minas, mas foi a primeira vez que Aécio reagiu pessoalmente às críticas do petista.
Deixe sua opinião