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O ministro das Cidades, Mário Negromonte, pôs seu cargo à disposição em conversa nesta segunda-feira com a presidente Dilma Rousseff, que cumpriu agenda em Salvador. Segundo relatos de políticos presentes nos eventos do governo na Bahia, Dilma teria sido surpreendida pela iniciativa de Negromonte e não deu uma posição definitiva a ele sobre o seu futuro. Mas, segundo auxiliares do Palácio do Planalto, Dilma já está avaliando nomes do PP, partido do ministro, para substituí-lo e vai efetivar a saída de Negromonte quando voltar da viagem a Cuba e Haiti, iniciada nesta segunda-feira à noite.

A aliados, Negromonte explicou que tomou a iniciativa de abordar o assunto com a presidente para evitar mais constrangimentos, diante do noticiário de que o Palácio do Planalto trabalha a sua substituição dentro da reforma ministerial em curso. Na conversa desta segunda-feira, Negromonte disse a Dilma que não é apegado a cargos. E relatou para seus aliados que foi uma conversa "extremamente elegante".

Nesta segunda-feira, Dilma tentou manter o clima de normalidade no encontro entre ela e Negromonte, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Na cerimônia de assinatura da ordem de serviço para obras de urbanização do Rio Camaçari, custeada com recursos da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) e ligada à pasta das Cidades, Dilma citou o ministro.

"Quero cumprimentar os ministros de Estado que me acompanham, começando pelo ministro Negromonte, que no meu governo tem sido responsável pela política de urbanização das favelas, saneamento e contenção de encostas", disse Dilma, acompanhada de outros seis ministros.

O Palácio do Planalto já vinha montando nos últimos dias uma saída honrosa para Negromonte, principalmente para não ter problemas com o PP, um dos aliados mais fiéis do governo no Congresso. A avaliação feita há algum tempo no núcleo do governo é que a permanência de Negromonte no governo já não era possível depois que ele perdeu a sustentação política dentro da própria bancada do PP.

Dornelles: "Não discuto sucessão"

Um dos nomes cotados para substituir Negromonte é o do líder da bancada, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB). Nos últimos meses, ele passou a ter boa interlocução com os ministros palacianos e é visto como um nome confiável. Aguinaldo já foi avisado de que Dilma gostaria de conhecê-lo.

Aguinaldo Ribeiro responde a duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF), por suposto desrespeito à Lei de Licitações enquanto era secretário de Agricultura da Paraíba. Para parlamentares de seu grupo político, o líder da bancada do PP assegurou, mais de uma vez, que as ações foram originadas por questões administrativas e que não causariam constrangimento para a ocupação de funções de destaque, como a de ministro de Estado.

Nesta segunda-feira, o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), foi cauteloso em relação à sucessão no Ministério das Cidades. Disse que ainda não foi chamado por Dilma para conversar sobre o assunto.

"O Mário Negromonte tem o apoio do presidente do PP. Enquanto ele estiver no ministério, eu não discuto sucessão", disse .

A conversa entre Dilma e Negromonte foi articulada pelo governador da Bahia, Jaques Wagner. Há um mês, quando estava hospedada na Base Naval de Aratu, de férias, Dilma já sinalizara, em encontro com o governador, que desejava substituir Negromonte. Diante disso, Jaques Wagner criou condições para que o conterrâneo colocasse o cargo à disposição.

Dilma também já manisfestara ao governador sua intenção de tirar José Sérgio Gabrielli da presidência da Petrobras, e demonstrou insatisfação com a gestão da ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Os três nomes são baianos.

O evento desta segunda-feira na Bahia foi visto por aliados do governador como uma forma de Dilma prestigiar politicamente Wagner, diante da substituição de nomes baianos do primeiro escalão do governo .

Nos últimos dias, o próprio Wagner declarou que não era responsável pela indicação do ministro baiano, mas, sim, o PP. Até então, a estratégia de Negromonte era resistir no cargo. Recentemente, chegou a afirmar ao GLOBO que estava "mais firme do que as pirâmides do Egito". Mas já admitia a possibilidade de deixar o governo: "Se estou numa festa, e está todo mundo de cara feia para mim, vou embora".

Nesta segunda-feira, outro indicativo de que Negromonte está prestes a deixar o governo foi a exoneração de mais um auxiliar seu, o chefe da Assessoria Parlamentar do Ministério das Cidades, João Ubaldo Coelho Dantas. Apesar das suspeitas de uso político do ministério para manter o controle da bancada, a argumentação interna é que Dantas saiu do governo para disputar uma vaga de vice-prefeito nas eleições deste ano. A demissão foi divulgada nesta segunda-feira, no Diário Oficial, e é assinada pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

Semana passada, foi demitido o chefe de gabinete de Negromonte, Cássio Peixoto. Procurado pelo GLOBO, o ministro não retornou.

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