Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Faxina

Dilma não pode proteger Rossi, diz oposição

Parlamentares criticam postura parcial da presidente frente às acusações na área de Agricultura

Demóstenes Torres, líder do DEM no Senado:  objetivo é abrir CPI | Antonio Cruz / ABR
Demóstenes Torres, líder do DEM no Senado: objetivo é abrir CPI (Foto: Antonio Cruz / ABR)

Brasília - A oposição cobrou da presidente Dilma Rousseff uma faxina no Ministério da Agricultura nos mesmos moldes da feita na área de transportes. Para os parlamentares oposicionistas, Dilma não pode proteger o ministro Wagner Rossi simplesmente por ele ser do PMDB e afilhado do vice-presidente Michel Temer. A pressão cresce depois que o secretário-executivo da pasta, Milton Ortolan, caiu após a revelação de seu envolvimento com o lobista Júlio Fróes.

As evidências do loteamento político e inchaço no ministério devem tornar mais duro o depoimento de Rossi no Senado, onde ele irá na quarta-feira. E o ministro inicia a semana mais fragilizado, pois a Controladoria-Geral da União mandou 12 auditores para fazer um levantamento sobre os últimos contratos e convênios feitos pelo Ministério da Agricultura.

O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), disse que o objetivo da oposição é conseguir abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito onde consiga investigar as denúncias de corrupção nas diferentes esferas do governo. Ele destacou que a postura diferente de Dilma frente às acusações na área de Agricultura confere à atuação dela no caso do ministério dos Transportes aspectos de jogo de cena.

"O Ortolan é o próprio ministro, é homem de confiança do Wagner Rossi. Eles estão juntos há anos. A presidente tem que dizer se a justiça dela é seletiva porque não dá para dizer que o Rossi está menos comprometido do que estava o Alfredo Nascimento", disse Demóstenes.

Para Duarte Nogueira, líder do PSDB na Câmara, a demissão do auxiliar direto de Rossi reforça a necessidade de investigação. "A demissão é um indício de que há muito mais a ser descoberto e investigado". A intenção dos tucanos é convidar todos os envolvidos nas denúncias a prestar esclarecimentos na Câmara. O PPS, por sua vez, pedirá que Rossi retorne à Câmara e estuda pedir investigação do Ministério Público Federal sobre as suspeitas de fraudes em licitações na pasta.

Demissão

O pedido de demissão de Ortolan foi feito no sábado. Ele tomou a decisão após a publicação de reportagem pela revista Veja segundo a qual seria conivente com irregularidades e desvios de recursos no Ministério.

A reportagem da revista afirma que Fróes redigiu um documento usado como base para o Ministério contratar sem licitação por R$ 9,1 milhões a Fun­dação São Paulo, mantenedora da Pontifícia Universidade Cató­lica de São Paulo. A entidade tinha o lobista como representante e após conseguir o contrato ele teria dado pastas com dinheiro a funcionários que o tinham ajudado no processo. O lobista negou as acusações.

Inchaço no ministério acomoda apadrinhados

Contrariando a determinação do Planalto de corte de custos, o quadro de funcionários do Ministério da Agricultura foi inchado para acomodar apadrinhados. Como não podia simplesmente se desfazer de técnicos essenciais para a rotina da pasta, a solução para atender aos pedidos de aliados foi ampliar o quadro de "assessores" fazendo com que a pasta batesse recorde em número de funcionários nesta função.

Em janeiro, o ministro Wag­ner Rossi trocou Gerardo Fontelles por Milton Ortolan na secretaria-executiva. Mas o manteve no quadro como seu assessor especial. Agora, com a queda do apadrinhado, Rossi tem recebido sugestões para trazer de volta o auxiliar para a secretaria.

Fontelles é um técnico com larga experiência no setor e a avaliação é que seu retorno seria uma saída inteligente para o ministro se desvincular do rótulo das indicações políticas. A volta do técnico poderia ajudar também porque há uma expectativa até no próximo ministério de que as denúncias na área não terminaram.

Outra mudança ocorreu em 18 de maio. O secretário de Política Agrícola (divisão mais importante do Minis­tério), Edilson Guimarães, cedeu seu cargo a José Carlos Vaz. Mas foi acomodado como assessor na Secretaria de Relações Inter­nacionais e substituído.

No último dia 20, mais uma rodada de mudanças foi feita com esse padrão: exoneração de servidores de carreira dos cargos em comissão. Desta vez, os atingidos foram técnicos que atuavam no Departamento de Comercia­lização e de Abastecimento Agrícola e Pecuário: o diretor José Maria dos Anjos e os coordenadores Sávio Pereira e Silvio Farnese. Todos continuam a trabalhar, e é com eles que o setor privado ainda prefere conversar quando tem dúvidas a esclarecer.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.