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Planalto

Dilma nega ter convidado Paulo Roberto para Ministério

Ex-diretor da Petrobras afirmou ter sido convidado para o cargo, mas recusado o convite

Paulo Roberto Costa após sua prisão pela Lava Jato: ex-diretor da Petrobras era ligado ao PP, partido que comanda o Ministério das Cidades | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Paulo Roberto Costa após sua prisão pela Lava Jato: ex-diretor da Petrobras era ligado ao PP, partido que comanda o Ministério das Cidades (Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo)

A presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) disse não ter a menor ideia de quem teria indicado Paulo Roberto Costa para o Ministério das Cidades. Segundo notícia divulgada com exclusividade pela Gazeta do Povo, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou ter sido convidado para o cargo, mas recusado o convite.

"Ele jamais foi ministro do meu governo; no meu governo sou eu que convido", afirmou, ao ser questionada por repórteres em breve coletiva de imprensa. "Ele não só não foi como deixou de ser diretor da Petrobras e nunca foi pessoa de minha confiança".

Presidente do PP não acredita em convite

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse desconhecer qualquer tipo de convite para que Paulo Roberto Costa assumisse o Ministério das Cidades. "Nunca soube deste convite e acho difícil, para não dizer impossível, que tenha acontecido", disse Nogueira.

A informação consta de uma troca de mensagens entre o doleiro Alberto Youssef e o deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA) de 13 março – mesmo dia em que foi anunciada a substituição de seis ministros, entre eles o das Cidades, pela presidente Dilma Rousseff (PT). A conversa foi interceptada pela PF e estava sob sigilo até o início deste mês. Os diálogos não deixam claro se o convite teria sido feito pela própria presidente ou pelo PP, partido que controla o ministério.

Na primeira mensagem, enviada às 19h34, Argôlo pergunta para Youssef: "Vc sabia q chamaram PR pra assumir o Ministério?? E ele n quis. Aguinaldo [Ribeiro, o ministro] saiu hoje" (sic). Segundo as investigações, a sigla PR era usada para citar Paulo Roberto Costa. Youssef responde: "Sabia. Ele já tinha me contado". E em seguida completa: "Foi a melhor coisa q ele fez [não ter aceitado]" (sic).

A troca de mensagens ocorreu exatamente uma semana antes de Costa ser preso por ocultar provas da Operação Lava Jato – que foi deflagrada em 17 de março. À época, Dilma promovia uma reforma ministerial que tinha dois objetivos: liberar ministros que seriam candidatos e pacificar a tensão com o "blocão dos insatisfeitos" do Congresso indicando aliados dos partidos da base.

O Ministério das Cidades faz parte da "cota" do PP, partido que indicou Costa para a diretoria que ele ocupou na Petrobras. Além disso, Youssef é apontado como o operador do esquema de desvio de dinheiro da estatal dentro do partido – que também envolveria o PMDB e o PT, segundo as investigações da PF. Antes de entrar no Solidariedade (SD), Argôlo era filiado ao PP. O deputado responde a processo de cassação de mandato pela relação com o doleiro.

O ex-ministro das Cidades Aguinaldo Ribeiro (PP) deixou o cargo para ser candidato a deputado federal pela Paraíba (e foi eleito). Na época de sua saída, Dilma garantiu à sigla aliada que a pasta continuaria sendo do partido. Publicamente, foi cogitado o nome do senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP. Mas Gilberto Occhi, que era vice-presidente da Caixa Econômica pela cota do partido, acabou sendo nomeado.

Provável

O advogado de Paulo Roberto Costa, João Mestieri, afirmou que "não acha improvável" que o cliente tenha sido convidado a assumir um ministério. "Ele pediu demissão [da Petrobras] e saiu com os elogios que merecia. Se mais tarde alguém o convidou [para ser ministro], ele deve ter dado coerentemente a negativa", disse. Segundo o advogado, Costa não queria mais ter "nenhum tipo de relação com isso, com o governo, com coisas desse tipo", disse.

Mestieri relata ainda que o desligamento de Costa do governo "foi um processo difícil". E que hoje o ex-diretor, depois de ter firmado o acordo de delação premiada em que detalhou o esquema, está tentando "reencontrar o seu próprio eu". "É um caminho de redenção."

Por e-mail, o Ministério das Cidades respondeu apenas que "desconhece esse assunto". A reportagem procurou ainda a assessoria da Presidência, mas não obteve retorno. Os advogados de Youssef e Argôlo também não responderam aos pedidos da reportagem. O Ministério Público Federal (MPF) e a PF, que conduzem as investigações, não comentaram o assunto.

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