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Comissão da Verdade

Dilma quer votação neste mês

Ministro da Defesa pede apoio para investigação que apuraria fatos ocorridos na ditadura. Governo promete não haver “revanchismo”

Celso Amorim: capitaneando esforço para aprovar Comissão da Verdade no Congresso ainda neste mês | Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Celso Amorim: capitaneando esforço para aprovar Comissão da Verdade no Congresso ainda neste mês (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

O governo federal está mobilizando suas forças para conseguir aprovar até o final deste mês o projeto de lei que cria a Comissão Nacional da Verdade. O esforço é capitaneado pelo mi­­nistro da Defesa, Celso Amorim. Nos últimos dias ele fez várias ligações para os líderes dos partidos de oposição na Câmara, pedindo apoio à proposta.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também está em campo. Ex-deputado, com trânsito fácil no meio parlamentar, ele já se reuniu com os líderes do PSDB, DEM, PPS e PV. A presidente Dilma Rous­seff, que, na sexta-feira, na abertura do Congresso do PT, prometeu à militância que a comissão será instalada, também mobilizou a ministra de Direitos Humanos, Maria do Ro­­sário, para o trabalho de ven­­cer resistências à proposta.

O objetivo é aprovar o projeto por meio de um acordo entre líderes partidários, em caráter de urgência. A votação ocorreria numa sessão extraordinária, convocada especialmente para isso.

Na conversa com a oposição, a maior preocupação dos três ministros é deixar claro que a comissão não terá caráter revanchista, nem abrirá debates sobre uma possível revisão da Lei da Anistia. O governo diz entender que o assunto se encerrou no ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) negou à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) o pedido para que policiais e militares acusados de violações de direitos humanos nos anos da ditadura fossem excluídos da anistia. Na avaliação da corte, eles também foram beneficiados pela lei de 1979.

"A comissão terá apenas preocupações históricas, de esclarecimento de fatos ocorridos naquele período", afirma José Genoino, assessor especial do ministro da Defesa. "Não existem preocupações revanchistas nem punitivas."

Integrantes

À medida que o debate avança, porém, começam a surgir outras dificuldades. No Senado, a maior preocupação do líder do DEM, Demóstenes Torres (GO), é saber como o governo pretende compor o grupo de notáveis que conduzirá os trabalhos da co­­missão.

Segundo o texto do projeto, o grupo terá sete membros, designados pelo presidente da Re­­pública, "entre brasileiros de reconhecida idoneidade e conduta ética, identificados com a defesa da democracia e institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos di­­reitos humanos". Para Demós­­tenes, isso não deixa suficientemente claro como os notáveis serão escolhidos. "Serão historiadores isentos e preocupados exclusivamente com a história do país? Ou fanáticos, pessoas ideologicamente comprometidas com a extrema-esquerda, co­­mo o ex-ministro Paulo Van­­nuchi?", indaga.

Demóstenes diz que não pretende atrapalhar a instalação da comissão. "Desde que não se pretenda rever a Lei da Anistia, não se instaure o revanchismo e que sejam escolhidas as pessoas certas, não há motivo para isso."

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira, já conversou com os ministros Amorim e Car­­dozo. "O assunto é muito delicado. Mas, pelo que foi dito, o propósito da comissão é recompor o período histórico e olhar para a frente, sem ficar revirando as feridas dos dois lados", contou. "Estamos dispostos a colaborar, insistindo para que prevaleça o bom senso."

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