
A presidente Dilma Rousseff (PT) nomeou nesta quarta-feira (3) Maurício Requião, irmão do senador Roberto Requião (PMDB), para o cargo de conselheiro da usina Itaipu Binacional. O fundador e ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, também foi nomeado conselheiro. As nomeações são um movimento para reforçar apoios políticos, já que Requião e Amaral apoiaram a reeleição de Dilma no ano passado.
Maurício Requião e Amaral substituirão no conselho o físico Luiz Pinguelli Rosa e Orlando Moisés Fischer Pessuti, filho do ex-governador do Paraná Orlando Pessuti (PMDB). “Todas as nomeações para o conselho de Itaipu sempre estiveram dentro da coalizão. As nomeações estão dentro do padrão”, avalia o cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Fabrício Tomio.
Na reta final do primeiro turno das eleições para o governo do Paraná no ano passado, em que Requião ficou em segundo lugar, o senador chegou a receber o apoio velado da campanha de Dilma, mesmo quando o PT tinha a ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT) como candidata. O senador também declarou apoio à reeleição de Dilma.
Já Amaral é ex-ministro de Lula e um dos críticos da ação independente do PSB – ele defende nos bastidores que o partido volte para a base aliada de Dilma.
De saída
Exonerado nesta quarta-feira (3) do cargo de conselheiro, Moisés Pessuti afirmou que encarou com “muita naturalidade” a mudança. “São coisas da política”, disse o ex-conselheiro. Ele ressaltou que não há “nenhum tipo de ressentimento, nenhum tipo de mágoa” ao deixar o cargo. De acordo com Moisés, a remuneração de um conselheiro em Itaipu gira em torno de R$ 16 mil líquidos.
A reportagem entrou em contato com Maurício Requião, mas ele não quis comentar a nomeação.
Em família
A vaga de Moisés Pessuti havia sido ocupada pelo pai dele. O ex-governador deixou o cargo porque pretendia se candidatar ao governo do estado. Preterido pelo senador e desafeto Roberto Requião, acabou apoiando o governador Beto Richa (PSDB) à reeleição e ganhou a indicação para o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
Segundo Moisés Pessuti, a troca em Itaipu não interfere na briga política entre seu pai e Requião: “Não interfere porque é natural esse tipo de disputa por espaço na política”.
Pressão do Congresso
As nomeações ocorrem em um momento em que o Congresso pressiona o Executivo em relação aos cargos em estatais. Uma proposta apresentada pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), diminui poder da União na indicação de presidentes das estatais.
A presidente Dilma afirmou que ainda vai avaliar a proposta, que atinge empresas como Petrobras, Caixa Econômica Federal, Correios, BNDES e Banco do Brasil.



