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Dia do Trabalho

Dilma vira alvo no 1.º de maio

Aécio e Campos fazem coro contra presidente e exploram inflação e crise na Petrobras em palanque sindical em São Paulo

Estimativa da Polícia Militar é de que 80 mil pessoas tenham passado pela festa do 1º de Maio em Curitiba, no Centro Cívico | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Estimativa da Polícia Militar é de que 80 mil pessoas tenham passado pela festa do 1º de Maio em Curitiba, no Centro Cívico (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

O ato político promovido ontem pela Força Sindical se transformou em palanque da oposição na festa do 1.º de Maio em São Paulo. Os pré-candidatos ao Planalto da oposição Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) fizeram duras críticas à presidente Dilma Rousseff para uma multidão atraída por sorteios de carros e shows musicais à Praça Campo de Bagatelle. De acordo com os organizado­res do ato, cerca de 1 milhão de pessoas passaram pelo local durante todo o dia. A Polícia Militar contou 250 mil.

Aécio, Campos e o anfitrião da festa, o deputado Paulo Pereira da Silva (SDD-SP), o Paulinho da Força, presidente licenciado da central sindical, atacaram Dilma o tempo todo – Paulinho já declarou apoio ao projeto presidencial do tucano. A presidente foi representada­ no evento pelo ministro do Trabalho, Manoel Dias, e pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gil­berto Carvalho.

Os adversários de Dilma exploraram a inflação – o acumulado de 6,15% está acima do centro da meta anual, mas ainda dentro do teto – e o caso Petrobras. Também condenaram Dilma pelo uso de cadeia de rádio e tevê na noite anterior para anunciar correção da tabela do Imposto de Renda em 4,5% e reajuste de 10% para o Bolsa Família. "Ela fez proselitismo político, a presidente protagonizou um momento patético da vida pública brasileira ao utilizar um instrumento de Estado para atacar adversários", disse Aécio a repórteres na chegada.

Paulinho, à vontade em seu reduto histórico, cuidou de radicalizar a manifestação. "Quem acha que o desemprego voltou levanta o braço! Quem acha que a inflação tá subindo levanta o braço! Quem acha que o salário tá bom levanta o braço! Só a mulher [Dilma] lá tá vendo que o salário tá alto." Em meio à performance de Patati e Patatá, os palhaços que com piruetas empolgaram a massa de trabalhadores esparramada pelo gramado, o parlamentar mandou "uma banana" para a presidente. "Quem vai acabar no presídio da Papuda é ela, porque quem roubou a Petrobras é ela que era presidente do Conselho [de Administração da estatal petrolífera]", disse Paulinho.

Campos chegou mais tarde e fez um discurso mais curto. "Vamos derrotar o inimigo número 1 do trabalhador que é a inflação, o desemprego, a desindustrialização", disse o ex-governador de Pernambuco e ex-ministro do governo Lula. Ele reforçou as críticas à crise na Petrobras em entrevista. "Precisamos resgatar a Petrobras, tem de ter uma direção qualificada, precisa ter respeitado seu planejamento estratégico. Temos que blindar a Petrobras da ingerência política em todos os níveis para garantir uma governança com regras estáveis."

Ao falar ao público, o ministro do Trabalho listou feitos do governo e fez referência indireta aos adversários. "Não vamos permitir o retrocesso, a flexibilização da CLT, a subtração de direitos dos trabalhadores", disse Dias – nas últimas semanas, Aécio fez uma série de promessas a empresários, entre elas a de estudar a flexibilização das leis trabalhistas em setores da economia. Já Carvalho deixou o evento apressado e contrariado. "Esse tipo de reação dele [Paulinho] eu não levo a sério."

Força Sindical do Paraná não vai aderir às greves pré-Copa

Camille Bropp Cardoso

A Força Sindical do Paraná decidiu que não participará da série de protestos anunciada pela diretoria nacional da central para junho, pouco antes da Copa do Mundo. A posição veio após conversas com sindicatos antes do 1.º de Maio Solidário, ocorrido ontem em 19 cidades do estado. A ideia da diretoria nacional é que uma categoria pare por dia no país­ na semana de 6 de junho.

No Paraná, a conclusão foi de que as convenções coletivas não enfrentarão a dificuldade de negociação prevista no restante do país por causa da inflação alta, que dificulta ganhos reais. Na semana passada, o presidente regional da Força, Nelson da Silva Souza, chegou a dizer que a reivindicação era por qualidade de emprego "no padrão Fifa" e que a manifestação seria "estratégica" para o ano. Os sindicatos, porém, teriam concluído que as classes mais mobilizadoras já têm acordos coletivos alinhavados no estado, portanto não haveria motivos para usar a proximidade da Copa como ferramenta de pressão.

Na Festa do Trabalhador em Curitiba, ontem, no Cen­tro Cívico, o anúncio de que o governo do estado pretende conversar no dia 10 com o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus da Região Metropolitana (Sindi­moc) acalmou a ameaça de greve. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, que integra a Força, ainda elogiou a "brilhante negociação" do governo na greve dos professores estaduais, suspensa no dia 30 após uma semana.

O governador Beto Richa (PSDB) participou da festa sancionando o decreto que aumen­ou as quatro faixas do piso mínimo regional em 7,34% – equivalente à inflação do ano. Também sorteou o primeiro dos 45 prêmios entregues a participantes – um dos cinco carros custeados pela Força – ao lado do deputa­do estadual Luiz Cláudio Ro­manelli (PMDB), que estava vestido com uma camiseta da central. A Força diz não apoiar ainda nenhum pré-candidato ao governo do Paraná.

Festa

O custo das festas, que tiveram apoio institucional do governo e de prefeituras, não foi divulgado. A estimativa da central, com base em apuração da Polícia Militar, é de que 80 mil pessoas tenham passado pela festa em Curitiba. A programação incluiu missa, shows e barraquinhas de comida.

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