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Dinheiro na casa de ex-coordenador do TC indica ‘propina parcelada’, diz Gaeco

Envelopes de R$ 59.950 teriam sido entregues em datas anteriores à prisão em flagrante de Luiz Bernardo Dias Costa

Envelopes com dinheiro vivo foram encontrados pelo Gaeco. | Divulgação
Envelopes com dinheiro vivo foram encontrados pelo Gaeco. (Foto: Divulgação)

Cinco envelopes recheados com dinheiro vivo, somando R$ 59.950, foram encontrados na casa do ex-coordenador-geral do Tribunal de Contas do Paraná (TC) Luiz Bernardo Dias Costa, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em junho de 2014. Segundo o Gaeco, braço do Ministério Público, os pacotes indicam que a empreiteira Sial, que havia recentemente vencido uma licitação no tribunal, estaria pagando propina de forma parcelada a servidores do TC.

Os envelopes teriam sido entregues em datas anteriores à prisão em flagrante do ex-coordenador, após receber uma mala com R$ 200 mil de executivos da Sial, em junho. O montante seria mais uma “parcela” da propina – que ao final ultrapassaria R$ 2 milhões, segundo o Gaeco.

IRREGULARIDADES: Denúncia revela indícios de esquema em obra do TC

A Gazeta do Povo obteve as imagens da prisão de Costa. O vídeo mostra o ex-coordenador saindo da sede da Sial com uma mala. Ao ser abordado pelos agentes, ele a abre e mostra maços dinheiro, que afirma serem “honorários”.

Os pagamentos seriam uma contrapartida pelo fato de a Sial ter vencido uma licitação de R$ 36,4 milhões para construir um prédio anexo ao tribunal no ano passado, mesmo sem cumprir todas as exigências do edital. As informações constam de denúncia do Ministério Público.

“Propinão” e ameaça

Segundo a investigação, teria sido justamente o alto preço cobrado de propina que teria afugentado outras empresas com interesse na obra. Uma gravação encontrada no celular do filho do proprietário da Sial, Pedro Henrique Rossi, e juntada na denúncia, mostra uma tentativa de dissuadir a construtora RAC (que havia apresentado a proposta mais vantajosa) de continuar na concorrência.

Operação Castelo de Cartas

No dia 18 de junho de 2014, o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a operação Castelo de Cartas e prendeu Luiz Bernardo Dias Costa, coordenador-geral do TC, após sair da construtora Sial com R$ 200 mil. O dinheiro seria, segundo o Gaeco, pagamento pela vitória da empresa na licitação da construção do prédio anexo do Tribunal de Contas.

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Rossi dá a atender que a única empresa com capacidade para cumprir a exigência seria a própria Sial. “Eles pediram um valor alto, altíssimo”, disse, se referindo ao tribunal. “A gente pode cumprir com este acordo. É pesado, é antecipado”, afirmou.

Pedro Henrique antecipa à RAC que todas as propostas seriam inabilitadas pelo TC e apenas a Sial retornaria (o que de fato ocorreu). Ele então pede para que a empresa não entre com recurso contestando a decisão, porque isso poderia “melar todo o processo”.

Em seguida, o executivo da Sial faz uma ameaça velada: “Como volto a dizer, é o Tribunal de Contas. A retaliação vai vir mais cedo ou mais tarde por parte deles”.

“Extremamente grave”

Apesar das provas coletadas, a denúncia foi suspensa, mas não extinta, pelo Tribunal de Justiça na semana passada, até o julgamento do mérito de reclamação da Sial. “A situação é inigualavelmente grave, eis que é justamente o Tribunal de Contas quem fiscaliza, por exemplo, as contratações e licitações realizadas pelo Poder Público”, diz uma parte da denúncia.

Os advogados dos envolvidos alegam que as provas que fundamentaram a denúncia do MP não são válidas. Isso porque elas teriam sido originadas em interceptações telefônicas que foram anuladas pelo TJ no ano passado. O TC informa que a licitação foi cancelada e nenhum pagamento efetivado.

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