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Pasadena

Diretor da Petrobras que recomendou compra da refinaria nos EUA é exonerado

A decisão pela demissão de Nestor Cerveró foi tomada nesta sexta em reunião do conselho de administração da BR Distribuidora, que tem a presidente Dilma Rousseff como presidente

O engenheiro Nestor Cerveró foi exonerado da diretoria financeira da BR Distribuidora nesta sexta-feira. Na imagem, ele dá entrevista em 2006 | Alaor Filho / Estadão Conteúdo
O engenheiro Nestor Cerveró foi exonerado da diretoria financeira da BR Distribuidora nesta sexta-feira. Na imagem, ele dá entrevista em 2006 (Foto: Alaor Filho / Estadão Conteúdo)

Três dias depois de ser apontado pela presidente Dilma Rousseff como responsável pelo erro que a levou aprovar a compra da refinaria de Pasadena, no estado do Texas (EUA) pela Petrobras, o engenheiro Nestor Cerveró foi exonerado da diretoria financeira da BR Distribuidora. A decisão pela demissão foi tomada nesta sexta-feira (21) em reunião do conselho de administração da BR Distribuidora, que tem a presidente Dilma Rousseff como presidente.

Nestor Cerveró está em viagem de férias. O engenheiro conduziu as negociações para a compra de 50% da refinaria Pasadena, em 2006, junto com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na operação Lava Jato. A aquisição virou litígio e acabou custando US$ 1,18 bilhão.

A compra da refinaria está sendo investigada pela Polícia Federal (PF), pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério Público e Congresso Nacional por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. Com isso, a oposição movimenta-se no Congresso para tentar criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a negociação.

O caso

Dilma, ao justificar seu apoio ao negócio em 2006, quando era presidente do conselho e chefe da Casa Civil do governo Lula, classificou o "resumo técnico" como "falho" e "incompleto" por não explicitar cláusulas que obrigariam, anos depois, a Petrobras a comprar 100% da refinaria. A estatal brasileira tinha como sócia a empresa belga Astra Oil. Pela cláusula em questão, se houvesse desentendimentos, uma das partes teria de ficar com todo o negócio.

A Petrobras comprou 50% das ações da refinaria em 2006. Pagou US$ 190 milhões. Cláusulas desfavoráveis à Petrobras no contrato de aquisição, porém, obrigaram a empresa brasileira a comprar os outros 50% da refinaria. O custo total chegou a US$ 1,2 bilhão, embora o valor de mercado da unidade de refino seja de apenas US$ 180 milhões. Nesta semana, o governo admitiu que a compra foi feita com base em um laudo "técnica e juridicamente falho".

O documento foi assinado por Nestor Cerveró, ex-diretor de Internacional da Petrobras. Cerveró, juntamente com Paulo Roberto Costa, chegou a ser intimado pelo MPF para esclarecer por que a estatal brasileira fez um negócio tão ruim ao adquirir a refinaria.

Sílvio Sinedino, que já foi conselheiro da Petrobras e vai reocupar agora uma cadeira no órgão colegiado, afirma que Dilma teve acesso apenas ao "resumo técnico". A declaração corrobora a versão da presidente. Ainda segundo Sinedino, Paulo Roberto e Cerveró foram os responsáveis pela elaboração também do contrato com a empresa belga.

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