A polícia investiga o assassinato de Manoel Paulino da Silva, diretor-executivo do 'Hoje' jornal, do ABC paulista, e da advogada Camila Francisca, ocorrida nesta quinta-feira no Guarujá. A hipótese mais provável é de uma execução por vingança, mas não está descartado que tenha sido um latrocínio, que é roubo seguido de morte.
- Vamos checar todas as hipóteses, mas a principal é de uma execução - disse o delegado Carlos Battista, da delegacia do Guarujá.
Segundo ele, os bandidos podem ainda ter tentado roubar o Mercedes e atirado na vítima por causa de uma tentativa de fuga. Outra linha de investigação é a de que a execução esteja relacionada a uma rede de bingos administrada pelo sócio de Silva, José Carlos Alves.
- Ouvi sete disparos, mas não saí de casa, depois vi o carro batido no muro. Tinha uma feira e as pessoas correram para ajudar a apagar o incêndio - disse uma testemunha do crime, que pediu para não ter o nome revelado.
Manoel Paulino da Silva, de 49 anos, era advogado, jornalista e sócio do 'Hoje', que começou a circular há menos de um mês na região do ABC. O crime aconteceu às 9h40m, de acordo com a polícia. Silva saiu de casa, no bairro da Enseada, no Guarujá, por volta de 8h30m em seu Mercedes Elegance prata.
Segundo o delegado Carlos Battista, Silva dirigiu até um cartório e depois seguiu para o atracadouro da balsa que liga o Guarujá à cidade de Santos, a fim de dar uma carona para Camila. Os dois pretendiam viajar então para a sede do jornal, em São Bernardo do Campo. Após pegar a advogada, Silva começou a ser seguido. A poucos quarteirões do atracadouro, no bairro Santa Rosa, na periferia do Guarujá, criminosos emparelharam com o Mercedes de Silva. Os bandidos estavam em um carro de cor clara ou prata, segundo testemunhas.
O ataque aconteceu na altura do número 270 da Rua Luiz Laurindo Santana. Os criminosos fizeram diversos disparos. Os tiros atingiram a região da janela do motorista.
Silva acelerou o Mercedes durante o ataque, mas bateu no muro de uma casa a aproximadamente 50 metros de distância. O veículo pegou fogo. O incêndio teria sido provocado porque, mesmo após a batida, o diretor-executivo do jornal continuou com o pé no acelerador. Em minutos, o atrito das rodas com o asfalto teria iniciado as chamas, segundo depoimentos de testemunhas.
- Acreditamos que a vítima (Silva) tentou fugir acelerando porque ele foi encontrado ainda com o pé no acelerador - afirmou o delegado.
Policiais militares foram chamados ao local e, ao se aproximarem do veículo, descobriram as duas vítimas baleadas. Silva e Camila chegaram a ser levados por uma unidade de resgate do Corpo de Bombeiros ao Pronto-Socorro do Hospital Santo Amaro, mas não resistiram aos ferimentos.
Os policiais militares encontraram seis cápsulas deflagradas de munição de pistola de calibre 380. Não foi possível saber inicialmente a quantidade exata de tiros disparados contra o carro, pois moradores do local levaram algumas das cápsulas dos projéteis.
Silva vivia com a segunda mulher pelo menos desde 1999 em um prédio próximo à praia da Enseada. O diretor-executivo não ia todos os dias à sede do jornal, em São Bernardo do Campo, de acordo com funcionários. Sua mulher ficou em estado de choque ao saber do assassinato e teve de ser medicada. Silva deixou três filhos do primeiro casamento. A advogada Camila, que prestava serviços para o jornal, também era casada, mas não tinha filhos. Ela vivia com o marido na cidade de Praia Grande, no litoral.



