Brasília (AE) Em depoimento ontem à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, o presidente da seguradora Interbrazil, André Marques da Silva, afirmou que a empresa fez doações para campanhas de candidatos, em 2004, de seis partidos de Goiás (PT, PSDB, PFL, PSB, PL e PSC), além do PSDB e PMDB do Paraná, PSDB de São Paulo e PMDB de Roraima, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Silva não soube dizer o valor das doações para as legendas nem os nomes dos beneficiados, sob a alegação de que os dados estão na sede da companhia, na capital paulista, que está em processo de liquidação extra-judicial.
Ele admitiu que as contribuições para as campanhas municipais foram feitas com o objetivo de a seguradora conquistar contratos com os futuros governantes. "As contribuições eram para lembrar o futuro governante que é bom fazer seguro. Era para sermos lembrados nos momentos de maior necessidade e levar ao conhecimento dos candidatos que há possibilidade na legislação de solicitar o seguro. Se não dermos contribuição, podemos não ser lembrados", disse.
Silva afirmou que todas as contribuições foram a campanhas de 2004 e estão contabilizadas na empresa. "Agora, não sei dizer se era para candidato a vereador ou a prefeito", observou.
"Duvido muito que a Interbrazil tenha contabilizado todas as doações que fez para partidos políticos. Acho que não vamos encontrar todos os valores nessa contabilidade", reagiu o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).
No depoimento, Silva afirmou ainda que não tem relacionamento político ou pessoal com o diretor de Engenharia das Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte) Adhemar Palocci, irmão do ministro da Fazenda, Antônio Palocci.
Silva afirmou que o contato com Adhemar Palocci se restringiu a reuniões para tratar do seguro de um projeto, na época em que o irmão do ministro era secretário de Finanças da prefeitura de Goiânia. "Conheço o Adhemar Palocci e sabia que ele era irmão do ministro da Fazenda. Mas nos encontramos só em reuniões para tratar do seguro de um projeto. Não tenho relacionamento nem pessoal nem político com o Adhemar. Esses contatos não me ajudaram em nada", disse o presidente da Interbrazil.
Segundo denúncias, Adhemar Palocci estaria envolvido com financiamentos de campanhas políticas em Goiás que teriam sido feitas com recursos de caixa 2. Esse dinheiro sairia da Interbrazil, que, desde 2002, passou a fechar grandes contratos de seguro com estatais.



