
Para evitar imprevistos e constrangimentos, os três principais pré-candidatos a presidente da República vão optar pela discrição durante a Copa do Mundo. A começar pela presidente Dilma Rousseff, que vai reduzir ao máximo a participação no evento. Na abertura, não haverá discurso. Do alto da tribuna de honra da Arena Corinthians, Dilma assistirá à cerimônia oficial de início do Mundial e se limitará a declarar "aberta a Copa do Mundo de Futebol Fifa 2014". As vaias, neste momento, são consideradas "certas" e "já estão na conta" do Planalto. Ainda assim, seriam menos problemáticas que a vaia da abertura da Copa das Confederações, no ano passado.
Pelo mesmo motivo, Dilma não deve entregar a taça ao time campeão, no Maracanã, em 13 de julho. A decisão ainda pode ser revista, a depender do andamento da competição. A modelo Gisele Bündchen foi sondada para a função, mas já teria decidido recusar o convite da Fifa.
Além disso, Dilma não vai aceitar o convite da chanceler alemã, Angela Merkel, e do primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, para ver em Salvador, no dia 16, Alemanha e Portugal. Dilma vai encontrar a colega em Brasília na véspera.
Mesmo distante dos estádios, Dilma terá agenda cheia durante a Copa. A presidente vai continuar viajando para entregar obras de mobilidade urbana pelo país, pelo menos uma vez por semana. O objetivo é reforçar o discurso de que esses empreendimentos não são destinados exclusivamente para a Copa, e sim para atender à população em geral.
Oposição
O pré-candidato do PSDB, senador Aécio Neves (MG), deve acompanhar in loco só os jogos disputados em Minas, seu reduto eleitoral, ao menos na primeira fase da competição. No jogo de abertura, a previsão é que o tucano esteja em companhia da mulher, Letícia Weber. Já na segunda partida da seleção, o senador deve reunir amigos e ex-jogadores em um restaurante na capital mineira. Em relação ao terceiro jogo da primeira fase, a agenda está indefinida.
Apesar de evitar as arenas num primeiro momento, integrantes da coordenação de campanha do PSDB não descartam que Aécio vá aos jogos da segunda fase, quando o Brasil poderá jogar as oitavas de final ou a semifinal no Mineirão.
Já no comando da campanha do pré-candidato Eduardo Campos (PSB), a ordem é não "instrumentalizar" a competição. Fora dos horários de jogos da seleção, o presidenciável manterá uma agenda ativa, mas longe dos estádios. Nos dias em que o Brasil entrar em campo, Campos deve acompanhar as partidas discretamente, ao lado da família.
A equipe do pernambucano alega que, em campanhas anteriores, ele nunca se aproveitou do futebol para atrair o eleitorado o pré-candidato do PSB torce pelo Náutico, mas não tem o hábito de frequentar estádios. Sua vice de chapa, a ex-ministra Marina Silva, é avessa ao esporte e tampouco pretende assistir aos jogos in loco.
Petista pede alegria e civilidade
Folhapress
A presidente Dilma Rousseff aproveitou ontem a inauguração de uma obra de mobilidade da Copa em Belo Horizonte para pedir "alegria e civilidade" por parte dos brasileiros em relação ao Mundial e aos visitantes. "Nós vamos mostrar o exemplo de alegria, de força e de civilidade do Brasil", disse a petista, que afirmou também que a seleção brasileira e seus torcedores sempre foram bem recebidos em todas as Copas que o país disputou. "Sempre fomos muito bem recebidos. Tenho certeza que o turista vai levar no seu coração essa recepção calorosa, humana, respeitosa."
Dilma declarou ainda que a Copa será uma "festa", parafraseando comerciais de TV que buscam dar esse sentido ao evento da Fifa no país. O sentido usado pela presidente, contudo, foi com um apelo para que as manifestações não prejudiquem o direito de o torcedor brasileiro festejar. "Tenho certeza também que a Copa vai ser uma festa, e é fundamental que as pessoas, que a maioria da população brasileira tenha o direito de usufruir dessa grande festa que começa nesta semana", afirmou.
Legado
Sem citar o atraso de obras, a presidente voltou a dizer que os estrangeiros que vieram para o Brasil "não levarão nas suas malas" as obras que estão sendo feitas. Esse "legado", segundo ela, será dos brasileiros. "Aqui ou perto do Mineirão vai haver grande melhoria na mobilidade, as obras não foram feitas para o uso exclusivo na Copa", defendeu.
Na terra do tucano Aécio Neves, um de seus maiores adversários nas eleições presidenciais deste ano, a presidente criticou a falta de investimentos em mobilidade no passado. "Essas obras constituem algo que faltava no Brasil, que era a presença do governo federal", afirmou. Dilma classificou a questão da mobilidade como "um dos grandes problemas" da população brasileira hoje.




