
Uma briga banal pela herança do gabinete do exdeputado Fabio Camargo (PTB) expôs ontem o rompimento entre o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Valdir Rossoni (PSDB), e o primeiro-secretário da Casa, Plauto Miró (DEM). Desde a última segunda-feira, Plauto tem demonstrado se sentir traído pelo tucano, a quem acusa, nas entrelinhas, de ter votado em Camargo na eleição para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TC). Ontem, após mais um discurso do parlamentar do DEM em plenário, Rossoni revelou que não tem mantido conversas com Plauto, apesar de ambos serem os responsáveis pela gestão do Legislativo. O tucano garantiu que, com o tempo, os problemas entre eles serão superados.
Tudo começou na noite da última terça-feira, quando Camargo esvaziou seu gabinete parlamentar e entregou as chaves a Evandro Jr. (PSDB). O tucano disse que, após receber a autorização de Plauto, transferiu todo o seu material de trabalho para o local. Ao chegar à Assembleia na manhã de ontem, porém, Evandro encontrou a porta do novo gabinete com a fechadura trocada e todas seus pertences de volta ao antigo local de trabalho. A mudança foi feita por funcionários da deputada Mara Lima (PSDB), a quem Rossoni havia repassado a sala de Camargo.
Calada da noite
Diante da polêmica, Plauto se disse triste pela "metodologia" utilizada contra Evandro na calada da noite. Segundo ele, esse procedimento era usado antigamente sempre que havia interesse da direção da Casa, que "fazia o que bem entendia". "Aprendi a não agir com truculência, mas sim dialogar. O poder não sobe à minha cabeça. Não uso ninguém como escada para alcançar meus objetivos pessoais", afirmou, num recado claro a Rossoni.
Em resposta, o tucano afirmou que o gabinete vago já estava prometido a Mara Lima e que Evandro "invadiu" o espaço. Em seguida, disse que procurou Plauto para discutir o assunto, mas não o encontrou na Casa. "Na minha ausência, sempre respeitei as decisões de vossa excelência. Acreditei que, na sua ausência, poderia tomar essa decisão", disse Rossoni.
O tucano ainda afirmou que foi consultado pelo diretor de pessoal a respeito de "decisões" tomadas por Plauto nos últimos dias. Nos bastidores, comenta-se que ele teria determinado a exoneração de vários funcionários da administração e da primeira-secretaria que seriam ligados a parlamentares que votaram em Camargo na disputa pelo TC.
Eleição traumática
Após a sessão, Rossoni atribuiu o desentendimento à "eleição traumática" da última segunda-feira. Ele afirmou que, como conhece Plauto há muitos anos, sabe que a questão vai ser superada com bom senso. Questionado em quem votou para conselheiro, não quis responder.
No fim do dia, por meio de sorteio, ficou definido que o gabinete da discórdia ficará com Mara Lima.
Ex-deputado deve assumir vaga de conselheiro na semana que vem
Amanda Audi
O ex-deputado Fabio Camargo (PTB) deve ser empossado como conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná (TC) na próxima semana, segundo informações da assessoria de imprensa do órgão. A definição da data só dependia de publicação no Diário Oficial do governo estadual do decreto de nomeação de Camargo. Isso ocorreu ontem à noite
O documento de noemação de Fabio Camargo para o Tribunal de Contas foi assinado pelo governador Beto Richa (PSDB) na última terça-feira, um dia após a eleição. Porém, durante a manhã e a tarde de ontem, o documento não havia sido disponibilizado na internet. Isso só ocorreu à noite, o que impediu o TC de marcar a data.
A partir da publicação no Diário Oficial, o TC tem até 30 dias para agendar a sessão extraordinária para a posse. Mas, segundo a assessoria do órg ão, o evento deve acontecer já na próxima semana.




