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Emancipação

Distrito de Tibagi quer se tornar o 400.º município

Alto do Amparo, com 7 mil habitantes, fica longe da sede

Tibagi – Um vilarejo às margens da Rodovia do Café (BR-376), que nasceu há cerca de 100 anos, ganhou ares de cidade. As cerca de 20 localidades que fazem parte do distrito rural de Alto do Amparo, pertencente ao município de Tibagi, nos Campos Gerais, têm quase sete mil habitantes. A vila mais populosa – São Bento – tem posto de saúde, cartório, escola, supermercado e até avenida. Agora, o sonho dos moradores é que o distrito vire o município de número 400 do Paraná.

O principal argumento é a distância com o município sede. Quem mora em São Bento tem de percorrer 45 quilômetros da esburacada Rodovia Transbrasiliana para chegar a Tibagi. A falta de infra-estrutura obriga os moradores a procurarem municípios vizinhos ligados pela BR-376. Fazendeiros armazenam a produção de grãos em Ponta Grossa, crianças nascem em hospitais de Telêmaco Borba e Reserva, moradores fazem suas compras em lojas que não estão em Tibagi.

"Eu prefiro ir três vezes a Ponta Grossa do que ir uma vez a Tibagi", diz o comerciante Alberoni Sebastião de Freitas, morador de São Bento. Mesmo com a praça de pedágio que corta o distrito e Ponta Grossa, o trajeto dura pouco mais de meia hora em rodovia duplicada. "O cartório sai perdendo porque registra de oito a nove nascimentos por mês. Os pais registram os filhos na cidade onde nascem para depois voltar a São Bento", afirma a atendente do cartório Andréia Mendes.

Para circular dentro do distrito, os moradores que não têm carro apelam para a carroça. Também é comum avistar motos e tratores nas ruas com calçamento de pedras irregulares. A dona de casa Ivonete Almeida Lima mora em Alto do Amparo e vai pelo menos uma vez por semana a São Bento com o marido, de carroça, para fazer compras no supermercado ou ir ao posto de saúde. Ela reclama do trajeto entre a área rural e o centro de Tibagi. Há apenas uma linha de ônibus que vai, uma vez por dia, até Tibagi. Já para Ponta Grossa, há três horários. Ivonete mora há 30 anos em Alto do Amparo. "Seria muito bom se virasse município porque teríamos progresso aqui", acredita.

A comunicação também é prejudicada. A comerciante Rosilda de Fátima da Silva, também moradora de Alto do Amparo, diz que recebe correspondências com até três meses de atraso, apesar de haver posto dos Correios em São Bento. A água também falta periodicamente. "Já ficamos finais de semana sem água. Aí, deixamos uma reserva para ter pelo menos para fazer a comida", completa. Ela é casada com Valdivino Penteado Ott, que vê no ponto comercial que mantém a possibilidade de continuar morando em Alto do Amparo. "Nós vivemos do comércio. Se não fosse isso, não teria o que fazer", relata. Se o distrito se tornasse município, segundo ele, a principal expectiva dos moradores é que fosse ampliada a oferta de empregos. "Do jeito que está, todo mundo acaba indo embora, não tem como viver", declara.

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