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Ex-militantes políticos, sindicais, estudantis e lideranças indígenas participaram nesta terça-feira (5) da 6° audiência pública da Comissão Estadual da Verdade Tereza Urban (CEV-PR), em Maringá, no Noroeste do Paraná. Durante o encontro, foram ouvidos relatos de violações dos Direitos Humanos e torturas durante a Ditadura Militar (1964-1985).

O material ajudará a compor o relatório da Comissão Nacional da Verdade, que será finalizado em setembro deste ano e entregue à presidente Dilma Rousseff (PT).

O advogado Jorge Haddad, 86 anos, foi um dos que testemunhou sobre os horrores dos anos de chumbo no país. Durante o período, ele exercia a profissão defendendo os sindicatos de trabalhadores. Para não ser preso, passou um tempo escondido em São Paulo, na casa de parentes. "Eu visitava minha família a cada seis meses. Era obrigado a chegar de madrugada e ir embora de madrugada", disse, enquanto enxugava as lágrimas.

Além do sofrimento de ficar longe da família, o advogado aposentado contou que o irmão já falecido, o médico Salim Haddad, dirigente do Partido Comunista Brasileiro à época, sentiu na pele o peso da repressão. "Ele ficou preso oito meses e sofreu todo o tipo de tortura. Isso me doí na alma até hoje", afirmou.

O professor de História da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e membro da comissão estadual Reginaldo Dias pontuou que a articulação mostrará as atrocidades vividas durante as duas décadas e permitirá aprofundamento na história. "Teremos uma narração para reformar a história e atualizar a luta pela justiça."

Na quarta (6) e quinta-feira (7), a audiência será realizada em Londrina, na região Norte.

Vereador Bonifácio Martins tem mandato restituído

Aproveitando a passagem da Comissão Estadual da Verdade por Maringá, os vereadores se reuniram na Câmara em uma sessão solene e simbólica, para restituir o mandato do falecido vereador Bonifácio Martins.

Martins ocupou a cadeira do Legislativo maringaense durante dois mandatos: 1956/60 e 1960/64. Com o golpe militar, em de 1º de abril de 1964, e a instauração do Primeiro Ato Institucional, o maringaense foi indiciado no Inquérito Policial Militar (IPM). Ele e vários militantes de esquerda, sindicalistas e estudantes foram presos e processados. Com medo das consequências, foi embora de Maringá para São Paulo levando a mulher e as duas filhas.

Para trás, além do cargo de político, ficou o negócio da família: uma empresa de prestação de serviços, a casa onde vivia e todos os parentes e amigos – nunca mais voltou. Ele morreu em julho de 2011, aos 89 anos.

Para a restituição do mandato, as duas filhas, Ilvana Martins da Costa Neves e Ildene Martins Scola, receberam a homenagem póstuma dedicada ao pai.

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