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Plebiscito

Divisão do Pará criaria estados desiguais

O plebiscito que decidirá a divisão do território do Pará amanhã poderá criar estados que já nasceriam marcados por contrastes patentes nas áreas social e econômica. A proposta prevê o desmembramento da área de 1,2 milhão de km2 (maior que a Colômbia) em três estados: Carajás, Tapajós e o Pará.

As disparidades entre as regiões são usadas como argumentos pelas duas frentes. De um lado, a ala separatista reclama do isolamento de Belém. Do outro, a queixa é que a divisão tornaria o Pará remanescente sem floresta e pobre em recursos minerais.

Estudo do Instituto de De­­senvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Estado aponta que, em 2010, o Pará que sobraria da divisão recebeu R$ 223 de investimentos per capita, contra R$ 96 de Carajás e R$ 60 do Tapajós.

A partilha criaria estados deficitários, segundo o Idesp. "Com a divisão, os três estados nasceriam deficitários. A capacidade de investimento dos novos estados seria baixíssima já que eles gastarão mais do que arrecadam", diz o economista Eduardo Costa, da Universidade Federal do Pará, contrário à divisão.

Carajás

Dados do IBGE mostram que Carajás herdaria 1,6 milhão de habitantes, com PIB per capita de R$ 12 mil. Carajás teria economia forte, alavancada pela exploração de ferro da Vale e pelo agronegócio. O estado, porém, nasceria abrigando a capital mais violenta do país.

Segundo dados do Ministério da Justiça, de 2008, a cidade de Marabá é a quarta em números de homicídios no país – 250 para 200 mil habitantes. Dos dez municípios mais violentos, três ficariam em Carajás – Marabá, Itupiranga e Goianésia do Pará.

A região tem um histórico de conflitos agrários, do massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, ao assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, em 2005.

Tapajós

Com o maior território dos três estados e apenas 27 municípios, Tapajós sofreria com o isolamento geográfico e o PIB de R$ 6,4 bilhões, comparável a Roraima e Amapá.

Para deixar Santarém, candidata a capital do estado, é preciso viajar de avião ou de barco (pelo menos dois dias em direção a Belém ou Manaus). Seu porto é precário. Por terra, as saídas são a rodovia Santarém-Cuiabá e a Transa­­mazônica, com trechos de terra que ficam intransitáveis quando chove.

"Tapajós só tem 127 km dos 5.300 km asfaltados do Pará, é assustador. E nós vamos aceitar que a maioria de Belém que nunca pisou aqui decida nosso destino?", diz o empresário Olavo das Neves.

A unidade seria dependente do setor de serviços –59% de sua economia. Tapajós ficaria com 74% das áreas protegidas do Pará, mas é a região onde o desmatamento mais cresceu de 2008 a 2009. Lá está sendo construída a hidrelétrica de Belo Monte.

A região teria os melhores índices educacionais e o menor deficit de leitos, e as menores taxas de criminalidade. A prefeita de Santarém, Maria do Carmo (PT), diz que, com a au­­tonomia, será capaz de transformar sua riqueza natural em riqueza material.

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