Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Reportagem

Doleiro teria dito que Lula e Dilma sabiam de corrupção, diz revista

Enquanto líderes do PT classificaram o assunto como “terrorismo eleitoral”, oposicionistas pediram investigação das denúncias

Youssef teria dito que Lula e Dilma sabiam de esquema ; Dilma falou sobre as denúncias no horário eleitoral ; O ex-presidente Lula disse que não lê a revista Veja | José Cruz/Abr ; Ueslei Marcelino/Reuters ; Nacho Doce/Reuters
Youssef teria dito que Lula e Dilma sabiam de esquema ; Dilma falou sobre as denúncias no horário eleitoral ; O ex-presidente Lula disse que não lê a revista Veja (Foto: José Cruz/Abr ; Ueslei Marcelino/Reuters ; Nacho Doce/Reuters)

As denúncias da revista Veja envolvendo a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva causaram ontem a reação imediata de petistas e oposicionistas, e o assunto foi parar no horário eleitoral. Segundo a reportagem, o doleiro Alberto Youssef teria revelado, em depoimento à Polícia Federal de Curitiba na última terça-feira, que Dilma e Lula sabiam do esquema de corrupção na Petrobras. A Veja informa ainda que não foram apresentadas provas do que Youssef disse, mas cita que o doleiro só terá direito aos benefícios da delação premiada se não "falsificar os fatos".

Ontem, líderes da oposição pediram que a Pro­­curadoria-Geral da República investigue as denúncias e que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Pe­­trobras (CPI) ouça Lula e Dilma. O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, disse que os relatos são " extremamente graves". Já os petistas resumiram o assunto como "terrorismo eleitoral".

Horário eleitoral

O possível impacto da reportagem na reta final de campanha fez com a presidente dedicasse praticamente todo horário eleitoral de ontem à tarde para rebater as denúncias. "Não posso me calar frente a este ato de terrorismo eleitoral articulado pela revista Veja", disse a presidente, que classificou o teor da reportagem publicada pela semanal de "barbaridade" e de "infâmia". O assunto também apareceu no programa de Aécio à noite.

Dilma também criticou o fato de a Veja ter antecipado a publicação para sexta-feira – a revista normalmente é distribuída aos sábados – e alegou que a publicação excedeu "todos os limites da decência e da falta de ética". Dilma informou a interlocutores que irá entrar na Justiça com sete ações contra a revista.

Além da presidente, diversos partidários se manifestaram ontem sobre a reportagem. "Eu não leio a Veja", disse Lula. Ainda ontem, a coligação de Dilma entrou com um pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na tentativa de retirar a publicação do site da revista e do perfil da Veja no Facebook. O ministro Admar Gonzaga, porém, negou o pedido.

Denúncias

Em diálogo transcrito pela revista, Youssef teria dito que Lula e Dilma sabiam do esquema de desvio de dinheiro na Petrobras para financiar campanhas eleitorais e comprar apoio de congressistas. Conforme a publicação, o doleiro também teria aumentado de 30 para 50 o número de políticos citados no esquema e detalhado outras denúncias.

Em depoimento prestado na Justiça Federal de Curitiba no último dia 8, Youssef e o ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, haviam afirmado que 3% dos contratos firmados entre a Petrobras e empresas eram distribuídos entre agentes políticos de três partidos: PT, PMDB e PP.

Na ocasião, ambos detalharam o esquema de pagamento de propina e realização de contratos fraudulentos na estatal, que ocorria pelo menos desde 2005, segundo o doleiro. Youssef e Costa afirmaram que atuavam a mando de "agentes políticos", mas não puderam citar nomes, já que os suspeitos possuem foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal.

Citados rebatem denúncias

Katna Baran e Paulo Galvez da Silva, especial para a Gazeta do Povo

A senadora Gleisi Hoffmann (PT) não quis comentar as novas denúncias apontadas pela reportagem da revista Veja. Por meio da assessoria, encaminhou, em nota, a mesma resposta enviada ao jornal O Estado de S.Paulo, primeiro a citar a denúncia de suposto repasse de R$ 1 milhão para a campanha dela ao Senado em 2010. De acordo com a nota, Gleisi não conhece o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa nem o doleiro Alberto Youssef. "O ministro Paulo Bernardo só esteve com Alberto Youssef uma vez na vida, há mais de dez anos, apenas para inquiri-lo na CPI do Banestado", diz o texto.

A senadora afirma ainda que as denúncias dos dois investigados, se realmente ocorreram, buscam "obter ilícita vantagem na barganha da delação premiada". Também diz que todas as doações recebidas na campanha foram declaradas à Justiça Eleitoral. "Se os criminosos Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef eventualmente mencionaram qualquer contribuição de campanha à senadora – o que não se pode confirmar –, é certo que mentem", diz a nota.

Por meio de nota, o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli negou as informações publicadas pela revista. Ele afirma que não conhece Youssef e nunca fez contato com o doleiro e que a reportagem é uma "tentativa desesperada de interferir no segundo turno das eleições". Conforme a nota, os advogados do ex-presidente analisam medidas judiciais para reparar as acusações.

A reportagem não conseguiu contato com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Na sede do partido, em Brasília, a informação era de que todos estavam participando de uma atividade de campanha e que a posição oficial da legenda era a mesma apresentada por Dilma Rousseff (PT) no programa eleitoral de ontem. A reportagem também entrou em contato com a assessoria da Polícia Federal, mas, até o fechamento desta edição, não recebeu respostas. Já o Ministério Público Federal do Paraná preferiu não se manifestar.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.