
O doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava Jato, está negociando um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e com a Polícia Federal (PF) para esclarecer os fatos ligados às investigações sobre desvios em contratos de grandes empreiteiras com a Petrobras. O MPF e o advogado do doleiro, Antônio Figueiredo Basto, confirmaram a negociação. O acordo ainda depende do que Youssef teria em troca para colaborar com a investigação. O MPF tem interesse na delação premiada do doleiro, confirmam fontes ligadas ao órgão, mas Youssef quebrou uma primeira delação premiada, feita em 2004, no caso Banestado.
A colaboração de Youssef à Justiça poderá ser decisiva. Em acordo de delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa listou mais de 30 políticos envolvidos que teriam envolvimento com o esquema de corrupção na estatal. Seriam pelo menos 25 deputados federais, 6 senadores, 4 governadores e um ministro.
Youssef seria o responsável, segundo a investigação, por fazer o dinheiro desviado da Petrobras chegar às mãos dos envolvidos. Em um acordo de delação, ele poderia detalhar quais empresas e contas bancárias foram usadas e de que forma cada um dos envolvidos recebia parte do dinheiro.
Basto afirmou que é contra a delação premiada de seu cliente. "Ainda vou tentar demover meu cliente de fazer isso", afirmou o advogado, que promete deixar o caso se o acordo for firmado. "Não sei o conteúdo, não tenho a menor ideia do que ele pode falar e não quero ouvir nenhum depoimento", disse.
O advogado de Youssef no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antônio Carlos de Almeida Castro,também confirmou a tentativa de acordo. "É uma pena, temos uma tese jurídica que era importante no STJ", disse Castro, que também prometeu deixar de defender o doleiro se a delação for confirmado. O advogado disse que o doleiro tomou a decisão por pressão familiar. Youssef está preso desde março, suspeito de ter remetido para fora do país US$ 444,7 milhões entre julho de 2011 e março de 2013. Ontem, Youssef negou envolvimento com transações financeiras vinculadas ao tráfico internacional de drogas.



