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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar os países ricos, que, em sua avaliação, não souberam como lidar com a crise econômica global. Durante discurso no Fórum Empresárial Brasil-África do Sul, realizado nesta sexta-feira, em Johannesburgo, Lula foi duro ao cobrar do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial a mesma postura austera que costumam tomar quando a crise acontecem em países em desenvovimento.

"Por que não houve intervenção do FMI e do Banco Mundial para acabar com a crise na Grécia? Por que eles só tomam atitudes quando a crise é nos países pobres? Porque fazer política é tomar decisões e isso exige habilidade", disse Lula.

O presidente lembrou o caso da quebra do banco Lehman Brothers, em 2008, que desencadeou a grave crise que abalou a economia mundial, para justificar o que considera falta de habilidade dos países ricos.

"Se o Bush, em julho de 2008, tivesse colocado US$ 60 milhões no Lehman Brothers, teria resolvido o problema e não seria necessário gastar US$ 1 trilhão para tentar solucionar a crise depois", declarou Lula, que foi aplaudido pela plateia de 170 empresários sul-africanos e 25 brasileiros.

'Não tenham medo do empresariado brasileiro'

Lula defendeu o estreitamento das relações comerciais entre os dois países para diminuir a dependência das nações, que ele considera "em desenvolvimento", dos países ricos.

"Os empresários da África do Sul não precisam ter medo das empresas do Brasil. Antigamente, muita gente inibia os empresários sul-africanos falando "olha, cuidado com o empresariado brasileiro". Não precisa mais ter esse medo. São dois países de enorme potencial, que podem crescer muito com trocas de experiências em várias áreas, diminuindo assim a dependência dos países ricos", disse o presidente brasileiro.

Hoje, o fluxo comercial entre Brasil e África do Sul é da ordem de 1,6 bilhões de dólares (cerca de 2,9 bilhões de reais). Para Lula, esse número tem que aumentar bastante. De tudo que o mercado brasileiro exporta, apenas 1,8% é comprado pelos sul-africanos. No caminho inverso, a proporção é menor ainda. De tudo que o Brasil importa, só 0,2% vem da África do Sul.

No discurso, o presidente Lula ainda defendeu que os países em desenvolvimento negociem mais entre eles para que dependam menos dos países ricos.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne-se com o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, no Union Building, sede do governo sul-africano na capital executiva do país, em PretóriaLula e o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, em Pretória (Foto: Marcello Casal Jr/ABr)

Mais voos para a África do SulO presidente criticou as empresas aéreas brasileiras, que não operam voos regulares para a África do Sul, e prometeu começar a resolver essa questão assim que retornar ao Brasil de seu giro pela África.

Em seu discurso durante fórum que reuniu, nesta sexta-feira (9), em Joanesburgo, empresários brasileiros e sul-africanos, Lula disse não ter cabimento, enquanto os dois países discutem implementação de intercâmbio comercial, não existir voos regulares, operados por empresas brasileiras, para a África do Sul.

"É uma vergonha que um país do tamanho do Brasil, com 190 milhões de habitantes, não possuir uma empresa que faça voos regulares para a África do Sul", afirmou Lula.

Os voos regulares que saem de São Paulo para Joanesburgo são operados pela South African Airways. Aviões brasileiros em aeroportos sul-africanos somente em caso de fretamento, como aconteceu durante a Copa do Mundo.

"Resolver esse problema virou uma honra para mim", completou o presidente.

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